Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Portadores do HIV de Três Lagoas são maiores de 21 anos

Testes em menores de 18 anos dificilmente são realizados na Cidade

Jéferson explica que índice brasileiro não pode ser comparado a realidade local -
Jéferson explica que índice brasileiro não pode ser comparado a realidade local -

Diferente dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde que registraram um aumento no número de mulheres (13-19 anos) infectadas pelo HIV em 2009 se comparado com o índice nos homens, o Programa Municipal do DST-AIDS de Três Lagoas não possui esses registros.

De acordo com o auxiliar de enfermagem do Programa Municipal do DST-AIDS, Jéferson da Costa, não é possível quantificar esses casos na Cidade, já que são raros os exames feitos em adolescentes. “Não temos nenhuma pessoa contaminada pelo vírus que seja menor de 21 anos idade. Para que um menor faça o exame é necessária a presença dos pais. Acredito que se esse exame fosse realizado em adolescentes nesta faixa etária, com certeza o resultado seria desagradável para muita gente”, comentou.

Jéferson explica que a maior parte da população foge da realidade, o que dificulta a prevenção. “Muitas mães fingem não saber que a filha mantém relações sexuais. Nas escolas é feito o trabalho de prevenção, mas os preservativos não são distribuídos. Muitas dessas questões culturais emperram o desenvolvimento de um bom trabalho. As pessoas encaram como incentivo ao sexo e não como prevenção”.

Embora as campanhas sejam realizadas, muitas pessoas ainda sentem receio na procura por exames. “É preciso quebrar o tabu. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o tratamento e as chances. Em Três Lagoas vários programas são realizados, incluindo jovens. Há também o programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) em que o estudante recebe orientações sobre o contágio, sintomas, prevenção, tratamento e como viver com o vírus HIV. A decisão de distribuir ou não os preservativos é tomada pela comunidade escolar”.

O auxiliar acredita que esse índice não exista em Três Lagoas devido à baixa procura por exames. “As pessoas fecham os olhos para as possibilidades de ‘problemas’. Não acredito que a solução seja afastar os pais para que o exame possa ser feito, pois não há como um adolescente receber um resultado sozinho. O fato é que o diálogo deve melhorar dentro de casa. Muitas vezes a filha tem vida sexual, mas não pode usar camisinha ou anticoncepcional porque a mãe não sabe. Isso gera gravidez não planejada, a contaminação por doenças, incluindo a AIDS”.

CARNAVAL

Durante o Carnaval de 2010, o Ministério da Saúde vai priorizar a campanha de prevenção à Aids no grupo de meninas de 13 a 19 anos. Segundo Jéferson, a informação não foi repassada oficialmente, mas ele acredita que vão trabalhar dentro do foco.

“No carnaval geralmente trabalhamos com a distribuição de leques, abadas e preservativos. Os folders não serão distribuídos. A intenção é que o pessoal se previna e evite situações desnecessárias”.

BRASIL

Segundo o último Boletim Epidemiológico da Aids e de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), divulgado em novembro, foram registrados mais casos entre as garotas dessa idade em relação aos meninos desde 1998.

Atualmente, a cada 8 meninos infectados existem 10 casos de meninas. Antes, a proporção eram 10 mulheres para cada grupo de 15 homens.

No carnaval o governo deve veicular nas emissoras de televisão e rádio, a campanha que vai orientar os jovens sobre as formas de contágio da doença e os cuidados para a prevenção. O Ministério da Saúde já encomendou 1,2 bilhão de preservativos para ações da pasta no decorrer dos próximos dois anos.