
Médicos que atendem no Hospital Auxiliadora ameaçam paralisar as atividades na próxima semana por falta de pagamento. Conforme informações obtidas pelo Jornal do Povo, a Prefeitura de Três Lagoas estaria atrasando o repasse feito mensalmente à unidade hospitalar para o pagamento dos profissionais.
Um ofício chegou a ser encaminhado para a secretária municipal de Saúde, Eliane Brilhante, ontem, informando da possibilidade de suspender o atendimento caso o pagamento não seja efetuado até a próxima segunda-feira, dia 27.
De acordo com texto, o repasse médico acontece todo o dia 20 de cada mês. Entretanto, até ontem não havia sido efetuado o pagamento dos médicos em função da falta do repasse, no valor de pouco mais de R$ 1 milhão.
O ofício foi encaminhado também a outros órgãos competentes, como Ministério Público Estadual, Secretaria Estadual e o Conselho Municipal de Saúde. Nele, também é citado o não pagamento da prefeitura referente às metas qualitativas e quantitativas pactuadas entre os meses de janeiro e fevereiro, cujas notas fiscais foram protocoladas ao Executivo Municipal na quarta-feira.
A equipe de reportagem conversou com dois médicos, que preferiram não ter os nomes divulgados. De acordo com eles, os atrasos nos repasses da prefeitura para o Hospital Auxiliadora, e consequentemente dos pagamentos, têm sido frequentes. Além disso, o recurso destinado ao atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde não é suficiente para cobrir todos os gastos e, com isso, o saldo do hospital tem ficado no negativo todos os meses.
A expectativa é que o repasse médico seja feito até segunda-feira. Caso contrário, será iniciada a paralisação. Um dos médicos, no entanto, não soube informar o período da suspensão dos atendimentos se a paralisação vir a ocorrer.
Outro médico ouvido pelo Jornal do Povo informou que, caso seja deflagrada a manifestação, o serviço de atendimento à urgência e emergência será mantido normalmente, como determina a lei.
CONTRATUALIZAÇÃO
O Hospital Auxiliadora recebe R$ 2,7 milhões para garantir o atendimento aos pacientes do SUS. Desse montante, R$ 450 mil são da Prefeitura de Três Lagoas, R$ 450 do governo estadual e R$ 1,8 milhão do governo federal. Todo o recurso primeiramente vai para a Secretaria de Saúde para, posteriormente, ser repassado ao hospital.
Em contrapartida, o custo para se manter o serviço público é de R$ 3,2 milhões ao mês, o que tem gerado um déficit mensal de aproximadamente R$ 590 mil mensalmente ao hospital.
Conforme balanço apresentado no início do ano pela direção do HA, a unidade hospitalar realiza 600 procedimentos cirúrgicos e outras mil internações mensalmente. Nos últimos anos, o número de médicos cadastrados saltou de 100 para 147 profissionais.
A equipe de reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa do Hospital Auxiliadora na noite de ontem, mas não obteve êxito.