Levantamento do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostra que nenhuma cidade de Mato Grosso do Sul atinge o índice considerado ideal pela Organização Mundial de Saúde, que é de 2,5 profissionais médicos para cada grupo de mil habitantes. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, Três Lagoas conta com 126 médicos nos postos de saúde, no Centro de Especialidades Médicas, no Pronto Atendimento e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A secretária de Saúde, Eliane Brilhante, disse que existe uma carência em torno de 30 médicos para atender no município. A maior dificuldade na contratação, segundo ela, refere-se a especialistas, principalmente na área de urgência e emergência. Somente para atender na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que está prestes a ser inaugurada, serão necessários 20 médicos com especialidades em urgência e emergência, para uma escala de 30 dias, pelo menos. Entretanto, a secretária informou que apenas oito profissionais inscreveram-se para participar do processo seletivo.
Outro agravante é que a UPA não pode funcionar sem a presença de um médico pediatra e não é novidade que no Brasil existe uma carência desse profissional. Eliane comentou que, em Campo Grande, todos os médicos pediatras deixaram as unidades de saúde para atender na UPA da capital. Mas, em Três Lagoas, ela disse que não é possível fazer essa mudança, senão as unidades parariam de funcionar.
Elaine Brilhante salientou que a Secretaria de Saúde não está de “braços cruzados” e está em busca de novos médicos. Contudo, segundo ela, a maioria dos profissionais é recém-formada e quer trabalhar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Estratégias de Saúde da Família (ESF). “Pelo fato de eles serem recém-formados, esses profissionais não querem vir para o município porque querem fazer especialização”, destacou a secretária. Outra questão apontada por ela é que os médicos, para vir para Três Lagoas, querem, além da contratação pela Prefeitura ter outro vínculo empregatício. Nesse caso, com o hospital, o que muitos não conseguem.
Ainda, conforme a secretária de Saúde, contratar profissionais para atender durante o dia é mais difícil do que nos plantões noturnos e nos finais de semana. “Durante o dia, alguns atendem em outras cidades e nos consultórios particulares”, observou.
Recentemente, a Prefeitura abriu licitação para contratar oftalmologista, reumatologista, neurologista, endocrinologista e mastologista, mas não conseguiu. Uma nova licitação com essa finalidade será aberta.
Em relação ao salário, Elaine Brilhante informou que esse não pode ser considerado um dos empecilhos para contratação de médicos, já que houve uma melhoria no valor pago a esses profissionais. O município paga aproximadamente R$ 9 mil para o médico que atende na Estratégias de Saúde da Família e quase R$ 4 mil para o profissional que atende na Unidade Básica de Saúde, pelo período de quatro horas.