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Três Lagoas

Trabalhadores cruzam os braços e paralisam obras da UFN III

Cerca de três mil trabalhadores participam da paralisação e não descartam greve

Movimento foi comandado pela Fetricom/MS -
Movimento foi comandado pela Fetricom/MS -

Cerca de três mil trabalhadores que prestam serviço para o consórcio responsável pela construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas cruzaram os braços e paralisaram as obras. A mobilização começou na tarde de terça-feira e continuou durante todo o dia de ontem. O movimento é liderado pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Montagem Industrial do Mato Grosso do Sul (FETRICOM/MS) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), ambas filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Ontem à tarde, os representantes sindicais realizaram uma assembleia com os trabalhadores para ouvir as reivindicações dos operários. Um documento foi formalizado e será entregue hoje para os representantes do consórcio. Caso as empresas não acatem as solicitações, os trabalhadores irão aderir à greve. “Vamos aguardar até hoje. Se as empresas não derem uma resposta e não nos chamarem para uma negociação, será publicado um edital com um indicativo de greve”, disse o representante da Conticom, Valdemir de Oliveira.


Ele informou que a paralisação foi iniciada, uma vez que o consórcio não cumpriu uma série de compromissos firmados com os trabalhadores. Entre eles, o não pagamento de horas extras e “in itinere”. “Os trabalhadores acordam às 4h e chegam à empresa às 6h, mas não recebem pelo horário do trajeto, dentro do ônibus. O mesmo ocorre na volta. Além disso, as empresas prometem uma coisa para os trabalhadores que moram fora, e quando chegam aqui, é outra”, disse Gelson Brito Frazon, representante da comissão de negociação do movimento.


Os trabalhadores reclamam ainda das péssimas condições de trabalho e da falta de estrutura no alojamento em que eles ficam, na cidade de Brasilândia. “Não existe água potável, é todo sujo, não há uma limpeza diária, as condições são precárias. Sem contar que não tem sinal de celular e os trabalhadores ficam sem se comunicar com seus familiares. Isso é inadmissível, já que a família mora tão longe”, acrescentou Frazon.


Outra reclamação dos operários é em relação à quantidade de dias a que eles têm direito de folga para ver a família. “Os trabalhadores ficam três meses sem ver a família e, quando isso acontece, a empresa dá quatro dias, incluindo o sábado e o domingo. Isso é um absurdo, porque essas pessoas moram em estados muito distante daqui, como Bahia, Pernanbuco, entre outros, e quando eles retornam, se passa do dia estabelecido, o desconto vem no pagamento”, comentou Gelson Brito Frazon.


Há três meses, segundo Waldemar de Oliveira, os trabalhadores estão procurando os sindicatos que representam a categorias em Três Lagoas, mas nenhum representante compareceu para ouvir as reivindicações dos operários. Por esse motivo, eles acionaram a FETRICOM/MS e a Conticom. “São questões fáceis de ser resolvidas, não havia a necessidade dessa paralisação, mas como os sindicatos de Três Lagoas não apuraram as denúncias feitas pelos trabalhadores, a coisa foi acumulando”, disse Valdemir de Oliveira.