
Uma denúncia anônima ao COPOM (190) levou o Batalhão de Choque da Polícia Militar a apreender 2,3 toneladas de maconha em um lava-jato utilizado como depósito de drogas na Rua Camila, em Campo Grande. Cinco pessoas foram detidas, quatro presas e uma conduzida como testemunha, após tentativa de fuga ao perceberem a chegada das equipes. A carreta carregada com vidro reciclável e dois carros estavam sendo usados para o transporte e fracionamento do entorpecente.
Segundo o comandante do Choque, Rigoberto Rocha, o volume apreendido chama atenção pela operação fora do padrão da rotina da Capital.

“Chamou muito a atenção a quantidade de entorpecentes, quase duas toneladas e meia. Isso normalmente é realidade de fronteira, mas conseguimos flagrar dentro da cidade”, afirmou.
Denúncia revelou movimentação suspeita no “Garage 77”
De acordo com o boletim policial, moradores denunciaram que desde a madrugada um caminhão permanecia estacionado no lava-jato “Garage 77”, onde havia intensa movimentação de veículos. Ao chegar ao local, a equipe percebeu o portão aberto e visualizou, ainda da rua, caixas e sacos contendo tabletes de droga.
“O cidadão de bem observou algo estranho e acionou o 190. Quando nossa equipe se aproximou, já visualizamos os pacotes de maconha jogados no chão”, destacou Rocha.
Ao perceber a chegada da polícia, dois suspeitos, de 20 e 25 anos, tentaram fugir pelos fundos, pulando o muro. Outros três homens de 31, 32 e 44 anos foram abordados dentro e nos arredores do estabelecimento.
Carreta carregada com vidro escondia fardos de droga
A carreta encontrada de ré no pátio estava carregada com vidro triturado. Entre a carga, policiais localizaram embalagens com entorpecentes. A maior parte dos fardos estava no chão, pronta para ser transportada.
O motorista, de 32 anos, afirmou que receberia R$ 7 mil para levar a carga até Mogi das Cruzes (SP). Disse ter deixado a carreta no local no dia 7 de dezembro e que retornou ao lava-jato apenas para buscá-la carregada.
Dois veículos, um VW Polo e um VW Voyage, pertencentes aos primeiros detidos também escondiam fardos nos porta-malas. Segundo o comandante, parte da droga seria distribuída na Capital.
“Dois fardos em cada carro ficariam aqui em Campo Grande. O restante iria para o interior de São Paulo”, explicou.
Suspeitos alegam consumo; ligação com facções ainda é investigada
Um dos abordados disse ser apenas usuário e estava no local para comprar drogas. Com ele, policiais encontraram uma pedra de pasta-base e um cachimbo artesanal.
Os demais permaneceram em silêncio após serem cientificados de seus direitos. A polícia ainda investiga se o grupo possui vínculo com facções criminosas.
“Não conseguimos confirmar ligação formal, mas pelo histórico acreditamos que haja algum nível de conexão, nem que seja no transporte para organizações”, disse Rocha.
Total de drogas apreendidas no ano sobe para 23 toneladas
Com esta ação, o Batalhão de Choque ultrapassa 23 toneladas de drogas apreendidas em 2025, quase o dobro das 13 toneladas recolhidas no ano anterior.
A carreta foi levada para uma empresa de reciclagem, onde passou por inspeção minuciosa para verificar compartimentos ocultos. No total, 459 fardos foram contabilizados. Todo o material foi transportado à DENAR, onde ocorreu a pesagem final.
“É mais droga tirada de circulação, mais dinheiro retirado das organizações criminosas. O tráfico financia todos os outros crimes, então cada ação dessa enfraquece a estrutura desses grupos”, avaliou Rocha.
Além das apreensões de entorpecentes, o Choque também registra este ano mais de 135 armas de fogo e 150 veículos retirados de circulação — muitos usados para o transporte de drogas.
“Nosso trabalho é diário. Às vezes retiramos 50 ou 70 quilos, que é o comum. Mas quando aparece uma carga dessa, é um impacto enorme no crime organizado”, completou.