
A posse de Dioni Alcântara Batista como novo coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Campo Grande reuniu mais de 40 caciques e lideranças, que classificaram o momento como um passo importante para fortalecer a política indígena no Mato Grosso do Sul. O apoio foi reafirmado em falas públicas e em uma carta aberta entregue durante o ato.
Valério Terena, coordenador do Conselho do Povo Terena no Estado, afirmou que a escolha de Alcântara representa “uma vitória histórica”, já que ambos são da Terra Indígena Buriti. Para ele, a mudança atende a uma demanda antiga das comunidades por maior participação na gestão pública.
“É um cargo de governo, passageiro, mas que precisa ser exercido com responsabilidade. O Dioni vem da nossa terra e conhece a realidade dos territórios”, disse Valério. Ele destacou ainda a importância de articulação entre Funai, Ministério dos Povos Indígenas e parlamentares para garantir recursos e avanços nas aldeias .
Entre as prioridades, Valério apontou o apoio à agricultura familiar e ao fortalecimento das políticas constitucionais voltadas aos povos Terena, Kadwéu e Guató: “São povos que não têm tradição agrícola consolidada e precisam de suporte para desenvolver seus projetos”, afirmou.
Outro líder presente, Alberto Terena, da aldeia Buriti, reforçou a necessidade de alinhamento político para garantir melhorias na Funai de Campo Grande. Ele destacou a presença do secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Eloy Terena, como um sinal positivo de aproximação entre a base e Brasília.
“Precisamos fazer com que as coisas aconteçam. Se o ministério traz uma proposta de apoio, temos que abraçar. Estamos no final do primeiro mandato do presidente Lula e precisamos continuar fortalecendo essa política”, afirmou Alberto.
A carta aberta divulgada durante o evento reforça o “apoio orgânico” das lideranças ao novo coordenador. O documento afirma que a união das comunidades é essencial para fortalecer o movimento indígena no Estado.
A mudança de postura das lideranças indígenas contrasta com o cenário de duas semanas atrás, quando cerca de 35 caciques divulgaram um manifesto contra a posse do novo coordenador. Naquele momento, o grupo acusava o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas de interferência política na escolha.
O ato marcou o início da nova gestão com promessa de diálogo ampliado, reaproximação institucional e construção de políticas articuladas com Brasília. As lideranças disseram que vão acompanhar de perto o trabalho e cobrar avanços nas aldeias.
A Coordenação Regional da Funai em Campo Grande atende nove municípios: Brasilândia, Dois Irmãos do Buriti, Nioaque, Aquidauana, Anastácio, Miranda, Bonito, Bodoquena e Corumbá. A região abrange comunidades dos povos Terena, Kadiwéu, Guató, Kinikinau e Ofaié.













