Presente na região do Lageado desde 2014, o Sesc oferta aulas de música e dança para 434 crianças e adolescentes, em um espaço cultural disponível para toda a população da região.
Os cursos atendem moradores de 4 a 16 anos, com renda familiar de até três salários mínimos, totalmente de graça, por meio do programa de comprometimento com a gratuidade do Sesc. Toda a parte de uniforme e instrumentos é por conta da Instituição.
As inscrições são abertas todo início de ano, com as vagas remanescentes após a rematrícula dos jovens já atendidos. Conforme Cirlene Cruz, gerente do Sesc Lageado, é possível aguardar na fila de espera.
Aluna do Lageado desde os seis anos de idade, Raissa Coelho, 16, é prova viva que a cultura é uma das ferramentas mais efetivas. Emocionada, ela conta como se sente dentro da Instituição que a ajudou a se descobrir.
“É literalmente uma segunda casa, um lugar que eu me sinto confortável. Que quando eu to estressada, de mal com a vida, eu venho aqui para relaxar. Para encontrar o meu lugar. Eu aprendi através do canto a lidar com as pessoas melhor. Eu não me imagino sem, porque desde pequena sempre foi eu, o Sesc, a escola e, sem o Sesc, eu não imagino como seria a minha vida”, desabafa.
Assim como Raissa, muitas crianças cresceram no local e conseguiram traçar o futuro através do olhar da música. É o caso do Rafael Gonçalves, que frequenta o Sesc Lageado desde os 12 anos. Hoje, o jovem domina vários instrumentos, de percussão ao violino, e com 17 anos ingressou na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul para se formar no curso de música.
“Sempre foi minha paixão, minha família vem de músicos, porém, eu sou o primeiro a entrar na Federal, no curso de música. Agora que eu estou na faculdade, estudando, eu to me apaixonando cada vez mais”, conta.
Rafael, além de aluno, faz parte do programa de monitoria do Sesc Lageado, que conta com 10 selecionados neste ano. Uma forma de reter aos talentos descobertos com uma bolsa mensal de R$ 600 por 12 horas semanais, auxiliando os professores durante as aulas.
“O intuito desse projeto é a gente reter esse aluno avançado aqui conosco, da gente também contribuir na renda e na circulação desse dinheiro dentro da comunidade. E propiciar a eles, uma visão de mercado dentro da parte da cultura”, explica a gerente da instituição.
Também monitor, Jhemerson Alves é um desses exemplos. Aluno do Sesc desde os nove anos de idade, dez anos depois do ingresso o jovem, que é apaixonado pela música, precisou sair do projeto para ajudar a família.
“Foi uma necessidade. A minha família tem um restaurante e com a chegada da pandemia a gente quebrou geral, aí eu precisei dar uma ajuda, eu vi que era a prioridade no momento, mas eu nunca quis sair daqui. Voltar para mim foi tudo que eu queria, quando veio a bolsa eu pensei, vou agarrar, e estou aqui feliz”, conta.
Foi a bolsa ofertada pelo Sesc, que mesmo de menor valor do que ganhava no mercado de trabalho, que fez Jhemerson voltar para as aulas. Destaque na matemática, inclusive vencedor de uma olímpica da matéria, o multi-instrumentista ainda pensa o que fará no futuro.
“Para mim a música significou muito porque foi um ponto de partida. Eu tenho outros caminhos que posso escolher seguir, mas no momento o que eu mais estou curtindo, é a música”, revela.
A geração de alunos do Sesc Lageado se renova. Como a pequena Gabrieli Fernandes, que começou no balé e com o incentivo da mãe e agora também faz aulas de violino. “Eu acho muito empolgante, para a gente aprender várias coisas e até a nota na escola melhora. Eu comecei a fazer (dança) e me interessei pelo violino”, diz.
Orgulhosa do desempenho da filha de 10 anos, Luciene Fernandes percebeu o avanço da dançarina e violinista após o início das aulas no começo do ano. Além dos ganhos a nível cultural, a pequena superou a depressão através das aulas.
“Depois dessa pandemia ela estava bem desanimada, deu até probleminha de alopecia na cabecinha dela por causa de depressão. Então, depois do balé, desenvolveu bem, sabe, até na escola. Porque ela estava bem tristinha mesmo e depois que começou a vir aqui, ela tá mais animada, a paixão dela é o balé e o violino”, conta animada.
Há 11 anos na instituição, Rodrigo Adania, assistente administrativo da central de relacionamento do Sesc Lageado, não tem dúvidas do trabalho transformador, que vai muito além das paredes do Sesc.
“É incrível a transformação desses jovens. A criança passou a interagir mais com a família, os pais ficaram mais unidos porque se juntavam para assistir as apresentações das crianças, então assim, esse trabalho que a gente faz aqui, transforma”, afirma.
Cirlene Cruz, gerente do Sesc Lageado, se sente orgulhosa do trabalho feito. “O nosso maior papel é ensinar além da música e da dança. A gente percebe a mudança de comportamento deles. Nesse momento da pandemia a gente percebeu como foi fundamental se manter firme e quando voltamos no ano passado com o semi presencial e depois total, a gente percebeu a mudança de comportamento, o quanto a gente consegue agregar de cultura para a vida deles”, finaliza.
Para mais informações sobre as aulas entre em contato com o Sesc Lageado pelo telefone 3378-1902. A Instituição está localizada na rua João Selingardi, 483.