A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, através da 5ª Delegacia de Polícia na capital, indiciou, nesta segunda-feira (12) um homem por diversos crimes, sendo alguns deles perseguição e peculato. Conforme apurado pela PC, o homem usava da profissão de técnico de enfermagem para desviar sangue coletado de pacientes e arremessá-lo contra a casa da vizinha, numa aparente tentativa de contaminar os três cachorros da vítima.
Segundo informações, o conflito entre os vizinhos, iniciado em agosto de 2020, começou logo que o suspeito se mudou para a vizinhança. O investigado, que supostamente não gostava de cães, se incomodava com os três da vítima, alegando que faziam barulho excessivo.
Inicialmente, o suspeito começou a chutar a porta da garagem da vizinha tentando inibir os animais, evoluindo para condutas mais graves. Identificado apenas pelas iniciais, R.V.O.F., o homem de 34 anos começou a arremessar ampolas com sangue coletado de pacientes de um hospital público da cidade contra os muros e dentro da garagem da vizinha.
No início do ano, o homem foi desligado do hospital público em que trabalhava, mas continuou coletando sangue em laboratórios particulares nos quais trabalhava, para usar na perseguição à vizinha.
Além disso, o suspeito arremessava garrafas, pedras e até sacos com fezes no telhado da vítima, chegando a quebrar mais de 13 telhas da mesma no período.
Após algum tempo, a vítima instalou câmeras de segurança na frente à sua casa e no telhado, conseguindo filmar todas as condutas do suspeito, que aparece inúmeras vezes nas filmagens arremessando sangue contra a casa da vizinha, além de outros objetos no telhado.
O Delegado responsável pelo caso, Felipe Alvarez Madeira, acionou a perícia para analisar o sangue que estava no portão da vítima quando a ocorrência foi registrada. Ainda no local, logo após realizar a coleta, a equipe da perícia pôde constatar se tratar realmente de sangue humano.
“Segundo declarado pela vítima, este ano teve de iniciar tratamento psicológico semanal em virtude da perseguição e seus efeitos em sua rotina. O Delegado responsável encaminhou pedido de medidas protetivas para o poder judiciário, solicitando aplicação excepcional da Lei Maria da Penha ao caso, inclusive com tratamento psicológico gratuito para a vítima”, disse a PC em nota enviada a imprensa.
Ainda conforme a nota, a 3ª vara da violência doméstica e familiar contra a mulher entendeu como “incabível” a aplicação e encaminhou o caso para ser analisado pelo juízo comum, junto ao pedido subsidiário de medidas cautelares diversas da prisão realizado pelo Delegado.
O indivíduo foi indiciado pela prática de Infração de medida sanitária preventiva majorada, peculato, maus tratos de animais tentado, dano qualificado por motivo egoístico, perseguição majorada e violência psicológica contra a mulher. No total, as penas máximas dos crimes podem atingir mais de 24 anos de prisão.
*Com informações da assessoria