Nesta segunda-feira (27), os empresários Jackson Wijaya, indonésio dono da Paper Excellence, e Joesley Batista, brasileiro sócio da J&F Investimentos, se reuniram pessoalmente pela primeira vez, desde que teve início a disputa judicial, em 2017, envolvendo o negócio de R$ 15 bilhões pelo controle da Fábrica de Celulose Eldorado, instalada em Três Lagoas-MS.
O encontrou ocorreu em um hotel, na cidade de Frankfurt, na Alemanha, a pedido do Tribunal Arbitral para que os empresários chegassem a um acordo e colocassem um fim ao processo judicial. A última audiência do caso ocorreu no final do mês passado, em 30 de outubro, quando foram discutidas, sem solução, questões de governança corporativa da Eldorado Celulose.
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Hoje, em Frankfurt, foram duas horas de discussões e não houve acordo. Além de Wijaya e Bastista, estiveram presentes à reunião o presidente da Paper Excellence no Brasil, Cláudio Cotrim e o advogado e ex-diretor jurídico da JBS, Francisco de Assis e Silva.
Joesley Batista teria tratado como expirado o contrato que assinou em 2017 e reiterado a intenção de devolver o dinheiro já pago pela Paper pelas ações da Eldorado. Assim como ocorreu na Califórina (EUA), há cinco anos, ele voltou a propor novos termos para entregar o controle da Eldorado, mesmo após o Tribunal Arbitral e a Justiça de São Paulo terem reconhecido que a J&F agiu de má-fé e que o contrato continua válido.
Durante o encontro, Wijaya teria sinalizado negociar um acordo sobre o valor a ser indenizado pela J&F por danos, conforme já haviam determinado o Tribunal Arbitral e a Justiça brasileira.
Já o empresário brasileiro teria tentado intimidar o empresário asiático ao argumentar "ter articulações políticas no Brasil" e que, por isso, a melhor alternativa seria "iniciar a negociação numa folha em branco".
Como justificativa para não entregar a fábrica, Joesley alega a falta de autorizaões prévias do Governo Federal - por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) - e do Congresso Nacional, que seriam exigidas da Paper (por ser empresa de capital estrangeiro) para comprar terras no Brasil.
Ao ser procurada pela nossa reportagem sobre a acusação da Paper, a J&F divulgou uma nota esclarecendo que "É mentira, pura e simples, que a J&F Investimentos tenha feito qualquer tipo de intimidação. Pelo contrário, apresentou de boa-fé uma proposta generosa para sanar uma ilegalidade cometida pela Paper Excellence, que mentiu ao declarar no contrato que detinha todas as autorizações legais necessárias para a concretização do negócio. Infelizmente, a Paper Excellence optou por continuar perseguindo a conclusão do negócio burlando a lei brasileira e o Congresso Nacional, órgão ao qual a empresa indonésia deveria ter requerido autorização para a compra da Eldorado", informa o texto encaminhado pela assessoria da holding.
Sobre a exigência de aval do Incra e do Congresso para concluir o negócio, a Paper informou que, nesse caso, o contrato de venda da Eldorado Celulose não estabelece a necessidade dessa autorização pois teria comprado um complexo industrial instalado, que não se trata de propriedades rurais.
"A Paper lamenta que a intenção do empresário brasileiro não tenha sido buscar a melhor solução para as partes, mas sim uma tentativa de intimidação alegando eventuais articulações que talvez possam ‘respaldar’ sua resistência de reconhecer a decisão arbitral e entregar a empresa que vendeu, seguindo com o litígio na Justiça do Brasil", declarou a Paper Excellence.