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ENTREVISTA

"Consumidor compra em qualquer lugar, na hora que quiser, de onde estiver": Fred Rocha destaca a força do interior

“O consumidor ficou intangível. Hoje, o comércio é que precisa correr atrás das pessoas”, afirma o autor de O Novo Jeito de Vender

Palestrante, autor e especialista em varejo, Fred Rocha é apresentador do programa Empreender na TV, veiculado pela Rede Globo em MS e outros 8 estados brasileiros.
Palestrante, autor e especialista em varejo, Fred Rocha é apresentador do programa Empreender na TV, veiculado pela Rede Globo em MS e outros 8 estados brasileiros.

Um dos nomes mais respeitados do varejo nacional, com mais de 30 anos de experiência na busca por acompanhar as transformações do consumidor. Um novo jeito de vender foi a proposta que Fred Rocha trouxe aos associados da ACIP de Paranaíba, na última quarta-feira (18).

Apresentador do programa Empreender, veiculado na TV Morena e em mais oito afiliadas da Rede Globo, autor de livros e colaborador do Sebrae/MS, ele lançou luz sobre as mudanças que estão acontecendo graças à tecnologia. “O consumidor ficou intangível. Pessoas sempre dependeram do comércio, agora o comércio precisa das pessoas”, pontuou.

Em sua palestra, Fred Rocha apontou as mudanças culturais provocadas pela tecnologia, com um novo cenário em que emerge a força do interior. “O centro é onde a gente está”, assinalou, ao apresentar a experiência da empresária Malu Pires, que inovou na fabricação de chapéus, com produtos que estão na cabeça de famosos nacionais e internacionais.

Ele reforçou a importância das associações empresariais, como a ACIP, no enfrentamento dos desafios, e apresentou a escada-guia para empreendedores, com base em propósito, inovação, tecnologia, comunicação, cliente e conhecimento.

Autor do livro O Novo Jeito de Vender, Fred Rocha já visitou 33 países para conhecer o varejo. Ele concedeu entrevista exclusiva ao Portal RCN Notícias, após palestra em Paranaíba, antes de voltar para Montes Claros (MG), sua terra natal.

Como é que tudo começou?
“Você sabe que a gente nasce e vai ladeira abaixo, né? A vida vai nos conduzindo. Felizmente, eu tive dois pais muito empreendedores, que nos deram a oportunidade de viver um repertório um pouco diferente. Repertório é aquilo que nos constrói: uma pessoa igual, uma pessoa diferente das outras.”

Como é esse processo de despertar a mente das pessoas para essa conexão com o futuro?
Eu acho que tudo o que a gente faz no presente é o que constrói o futuro. Então, a gente precisa estudar o passado para entender o que vem pela frente. Hoje, a minha função é buscar essas movimentações que existiram no passado e o que está acontecendo, pra gente somar isso — não buscando tendências, e sim buscando nos readequar ao que está acontecendo. Se a gente se adequar ao hoje, já está mais próximo de estar pronto amanhã. Esse ponto é muito importante. Muita gente fica muito focada no futuro. Eu acho que o futuro a gente desenha com nossas ações. Desde o início da história, a gente abre os nossos comércios pela manhã e espera o cliente chegar. Mas foi mudar logo na nossa vez. O que temos que fazer é nos movimentar, porque movimento gera movimento, como diz meu amigo Fred Alecrim.

É importante o comerciante entender que não adianta mais abrir o negócio pela manhã e esperar o cliente entrar, como no tempo do pai dele. Não é uma crise, é uma mudança. Esse consumidor compra em qualquer lugar, na hora que quiser, de onde estiver. Então a gente tem que, verdadeiramente, mudar a nossa forma de pensar e entender que o cliente não entra mais — não é porque deixou de existir. Não é porque ele parou de andar na rua. Ele ficou intangível — a gente não pega mais nele. Ele está no WhatsApp, está no Instagram, está no Facebook, está em outros canais comprando. E nós temos que adequar os nossos negócios a isso.

O interior é a capital?
Sem dúvida. Hoje existe uma mudança: as pessoas não precisam mais sair do interior para buscar conhecimento, para estudar. Hoje, daqui de Paranaíba, você pode estudar em Harvard, você pode estudar no MIT. Você pode tudo — só tem que se adequar às novas formas de aprender. Você tem acesso ao conhecimento que antes a gente não tinha. O adolescente tinha que sair para estudar fora e, geralmente, não voltava mais. A gente perdia uma força de trabalho competente — filhos bem-educados que iam embora e não voltavam mais. Isso não precisa mais acontecer. Nós mostramos o exemplo da Malu Pires, aqui de Rio Verde de Mato Grosso. A mina ganhou o mundo a partir de uma cidade de 15 mil habitantes. É importante entender isso: o mundo, o centro, não está mais nas capitais.”

“A gente ganha mais dinheiro resolvendo problemas que as pessoas nem sabem que existem.”
São duas frases. Cabe a reflexão: você entende o problema? Como você resolve? A gente ganha mais dinheiro resolvendo problemas que as pessoas ainda não sabem que têm. Existem diversos serviços hoje disponíveis que antes não existiam. Por exemplo, tem gente que está na fazenda e não tem internet. O cara vai lá, inventa o celular via satélite, a Starlink, e hoje todo mundo acessa, não interessa de onde está. Você chega numa fazenda e o cara tem um cinema lá, porque tem Netflix, Amazon. Pessoas pensaram em coisas que ele não sabia. E, às vezes, ninguém ofereceu. Existem diversos serviços que você pode oferecer para seus clientes, diversas soluções de problemas que eles nem sabiam que tinham uma solução simples para o que achavam complicado.”

E para pessoas que tenham interesse em saber mais da sua produção literária?
É só me procurar nas redes sociais. No TikTok, no Instagram, no YouTube, no Facebook. Vai lá no @eufredrocha. Estou no LinkedIn também. Qual é o canal que você mais usa? Eu estou por lá gerando conteúdo e tem muitos brindes lá de conteúdo para quem seguir. Estamos aqui no Mato Grosso do Sul, através da TV Morena, com o programa Empreender, aos sábados. Então se liga aí: mais ou menos 2h30 da tarde, a gente está entrando na sua casa levando conteúdo na venda do Fred.