Membros da Comissão Nacional de Armas Leves da República de Gana visitaram, na última terça-feira (23), uma das bases de Polícia Comunitária localizada no Riacho Fundo I, Distrito Federal. O grupo, acompanhado de representantes dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, conheceu in loco uma das principais ações brasileiras de prevenção da violência e criminalidade. As estratégias de interação da polícia com a sociedade e a estruturação dos conselhos comunitários de segurança surpreenderam a delegação africana.
A comissão veio ao Brasil para verificar como funcionam as instituições responsáveis pelo controle de armas, entender melhor a infra-estrutura, os sistemas e os processos de rastreamento de material bélico e controle das fronteiras e para conhecer ferramentas de cooperação interestatal em temas de segurança.
De acordo com o gerente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Gana, Daniel Andoh, a visita ao Brasil permitirá reunir informações sobre processos e legislação, ajudando a orientar o Governo de Gana sobre políticas públicas de segurança.
“Temos diversos projetos que dão suporte ao governo democrático. Em Gana, nós já realizamos uma pesquisa local sobre armas leves, incentivamos produtores de armas a aderirem a outros programas de sustento e delineamos um plano nacional de combate à proliferação de armamentos. Estamos aqui para compartilhar conhecimento, pois sabemos que o Brasil tem bons programas de controle de armas e engajamento com a comunidade”, disse Daniel Andoh.
Para o assistente técnico da coordenação geral das Ações de Prevenção, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Muriel Mendonça, a visita da delegação foi importante para ressaltar o modelo brasileiro de gestão integrada e participativa na segurança pública. “Nossos cursos, por exemplo, são executados por meio de acordos de cooperação técnica, em parceria com os estados. Enquanto a Senasp responsabiliza-se pelo pagamento dos instrutores, certificação e confecção de livros e material didático, as secretarias estaduais de segurança mobilizam lideranças comunitárias e profissionais a serem capacitados, compõem as turmas e disponibilizam salas de aula”, explica Mendonça.
Os ganenses também se interessaram pela estruturação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública, entidades de cooperação voluntária constituídas por pessoas de uma mesma área, que se reúnem com autoridades públicas para identificar e tentar solucionar os problemas de criminalidade. “Também temos polícia comunitária em Gana, com esse mesmo conceito e a mesma metodologia. A polícia vai às escolas, igrejas e comunidades, mas temos muito a aprender com a experiência do Brasil. É interessante a forma como a comunidade leva os problemas de segurança para a polícia”, ressaltou o diretor geral de operações da Polícia de Gana, John Kulador.
Além de Kulador e Andoh, integraram a delegação de Gana o representante indicado pelo presidente, Atta Egyir Fynn Mends; o major Nick Darbo; o diretor de Operações das Forças Armadas de Gana, Appiah-Agyapong, e o funcionário responsável pelas políticas de armas leves do Ministério do Interior, Ebenezer Sam.