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Julho Roxo alerta para lipedema, condição afeta 12,3% das brasileiras

Muitas vezes confundido com gordura ou celulite, o lipedema exige tratamentos específicos e tem causa hormonal

Dificuldade > de diagnóstico ainda é uma realidade em consultórios brasileiros - Foto: Divulgação
Dificuldade > de diagnóstico ainda é uma realidade em consultórios brasileiros - Foto: Divulgação

Pouco conhecida e frequentemente confundida com obesidade ou celulite, o lipedema é uma doença crônica que atinge 12,3% das mulheres no Brasil e afeta diretamente a qualidade de vida. Caracterizado por um acúmulo desproporcional e doloroso de gordura, especialmente nos membros inferiores e, em alguns casos, também nos braços, o lipedema causa dor, inchaço constante e hematomas, mesmo diante de simples toques ou pressões leves.

Julho é o Mês Mundial de Conscientização do Lipedema, uma oportunidade para reforçar o alerta sobre a importância do diagnóstico precoce e de tratamentos adequados. De acordo com a nutricionista Crisllaine Bucalon, uma das principais barreiras enfrentadas pelas pacientes é o desconhecimento da condição,inclusive, dentro dos consultórios. “Muitas mulheres passam anos ouvindo que o problema é falta de exercício ou alimentação desregulada, quando, na verdade, estão lidando com um quadro clínico que exige cuidados específicos”, alerta.

A condição costuma ser confundida com linfedema ou obesidade. No entanto, há diferenças pontuais: enquanto o linfedema é causado por falhas no sistema linfático, resultando em retenção de líquidos, o lipedema está ligado ao excesso de gordura em áreas localizadas, que se desenvolve de forma simétrica, preservando mãos e pés. “É uma doença com base genética, mas os fatores ambientais têm papel determinante no agravamento do quadro”, explica Bucalon.

O estilo de vida é um gatilho. Ambientes que favorecem o sedentarismo, o consumo de alimentos ultraprocessados, sono irregular e altos níveis de estresse podem piorar o quadro. Além disso, o lipedema está relacionado a alterações hormonais, sendo comum surgir ou se intensificar em fases como a puberdade, gestação e menopausa.

Ainda sem cura definitiva, o lipedema exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos vasculares, fisioterapeutas, educadores físicos e nutricionistas. “A nutrição tem um papel crucial no controle da inflamação e no alívio dos sintomas. Adotar uma dieta anti-inflamatória pode trazer ganhos importantes para a qualidade de vida da paciente”, explica Crislaine. Entre os alimentos indicados estão os ricos em antioxidantes, como vegetais verdes, frutas vermelhas, azeite de oliva, castanhas e peixes. Já carnes processadas, açúcar refinado, frituras e álcool devem ser evitados.

Nos casos mais leves, mudanças no estilo de vida e terapias complementares, como drenagem linfática, podem ser suficientes para controlar a progressão. Já em quadros avançados, a intervenção médica se torna imprescindível. Em alguns casos, cirurgias como a lipoaspiração específica para lipedema são indicadas para reduzir o volume.