
Em uma reação à desfiguração do pacote que reúne um grupo de medidas de combate à corrupção propostas pelo Ministério Público e enviada ao Congresso Nacional com mais de 2 milhões de assinaturas de cidadãos, procuradores da Lava Jato, em entrevista coletiva, na tarde desta quarta-feira (30) em Curitiba, disseram que esse foi o “golpe mais forte que a força tarefa já recebeu”.
Os procuradores consideram que a Câmara está promovendo a intimidação de procuradores, promotores e juízes. "Se há impunidade, é porque o sistema não funciona. Isso é um ataque aos membros da Justiça.", disse Deltan.
O procurador Carlos dos Santos Lima afirmou que a população foi ludibriada. “Novamente, em uma noite, mudam toda a legislação e criam a intimidação ao Ministério Público. Quem foi ludibriada foi a população. Quisemos a discussão. Em uma noite, tudo se pôs a perder”, disse.
A desfiguração se deu na madrugada dessa quarta-feira, quando deputados, após aprovarem o relatório apresentado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), iniciaram uma segunda votação que incluiria e/ou retiraria medidas do pacote; quando incluíram medidas polêmicas que, segundo o MP, seriam medidas que incentivam a impunidade e excluíram outras fundamentais para o combate e punição da corrupção. Das dez medidas originais, apenas quatro passaram; parcialmente.
Após a votação, o relator Lorenzoni disse que se sentia frustrado e que a manobra feita naquela madrugada foi um "exercício da hipocrisia". "O que foi feito ontem e nesta madrugada foi, na minha visão pessoal, um desserviço ao presente e ao futuro do País", disparou o deputado.
Na coletiva, os integrantes da Força-Tarefa da Lava-Jato deixaram claro que, caso o pacote anti-corrupção, desfigurado e aprovado na madrugada pela Câmara seja aprovado pelo Senado ou sancionado pelo presidente Michel Temer, os integrantes renunciarão ao trabalho. “Em caso de aprovação pelo senado e sanção ao pacote pelo presidente Michel Temer, nossa proposta é de renunciar coletivamente à operação", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.