A safra de milho 2024/2025 em Mato Grosso do Sul deve alcançar 10,2 milhões de toneladas, conforme projeções do Projeto SIGA-MS, da Aprosoja/MS. Apesar do volume expressivo, menos de 1 milhão de toneladas deve ser exportado. O motivo é o consumo interno, que tem crescido com a produção de etanol e a fabricação de ração animal, destinos que, juntos, absorvem mais da metade da produção estadual.
O etanol de milho tem ganhado destaque no estado e no Brasil. Mato Grosso do Sul foi responsável por cerca de 1,55 bilhão de litros desse biocombustível na última safra, número que deve subir para 2,07 bilhões na próxima colheita. Com isso, o estado se consolida como o segundo maior produtor nacional, atrás apenas de Mato Grosso.
A produção de etanol de milho não se limita ao combustível. Subprodutos como o DDG e o DDGS — farelos ricos em proteína usados na alimentação de animais — também ganham espaço no mercado. Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Mato Grosso do Sul produziu 1,2 milhão de toneladas desses farelos na última safra, cerca de 30% da produção nacional.
Com a crescente demanda da China por esses produtos, o setor vê potencial para ampliar as exportações. O país asiático pode importar até 7 milhões de toneladas por ano, o que representaria quase o dobro da produção brasileira atual. Esse movimento pode gerar mais empregos e aquecer a economia local, com impactos positivos em transporte, armazenagem e comércio.
Por outro lado, há preocupação entre pecuaristas e produtores de ração. Com o aumento das exportações, a oferta interna de DDG pode cair, pressionando os preços e afetando os custos de produção na pecuária, que depende desse insumo como fonte de proteína.
Especialistas destacam que o desafio agora é equilibrar as exportações com o abastecimento do mercado interno. Se conseguir manter esse equilíbrio, Mato Grosso do Sul pode se firmar como um dos principais polos brasileiros na produção de energia limpa e coprodutos do agro, com ganhos econômicos e sustentáveis para o futuro.