Com faturamento líquido de R$ 596 milhões em 2009, a empresa está investindo, apenas em máquinas e equipamentos, R$ 38 milhões para realizar aquela que será a maior ampliação nesta frente realizada pela empresa desde 2007. Arlindo de Azevedo Moura, diretor-presidente da SLC Agrícola, esteve na semana passada na Agrishow, em Ribeirão Preto, para negociar as aquisições de tratores, colheitadeiras, pulverizadores e plantadeiras. Parte desse maquinário servirá para atender a uma expansão também na área de soja.
Por ainda não ter informado aos investidores, o executivo não revelou de quanto será o crescimento da área. Mas o Valor apurou que a expansão em algodão será da ordem de 30%, o que significa um salto de 65 mil para 84 mil hectares, e que ela será feita sobretudo nas propriedades da empresa localizadas em Mato Grosso e Bahia.
"Vínhamos praticamente mantendo a área nas últimas três safras porque os preços da pluma no mercado internacional estavam defasados. Agora houve uma recuperação forte e voltaremos a crescer", disse.
A soja deve ganhar espaço nas terras adquiridas mais recentemente pela companhia, como é o caso da fazenda comprada no terceiro trimestre de 2009 em Barreiras (BA). A propriedade, com 4,4 mil hectares, foi comprada por R$ 20 milhões e é próxima da fazenda Palmares, também da companhia. "O algodão exige terras mais bem corrigidas".
Em seu balanço de 2009, a empresa informou deter a propriedade de 235 mil hectares de terras, distribuídas pelos Estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí. A companhia ainda tem sob seu controle outros 70 mil hectares arrendados.
Além dos 65 mil hectares de algodão, a SLC Agrícola cultivou, na safra 2008/09, 123 mil hectares de soja e 35 mil de milho. Mais 3 mil foram semeados com café, trigo e sementes.
O resultado da companhia em 2009 foi impactado pelo aumento nos custos no ciclo 2008/09, pela queda na produtividade de algodão e soja e por ajustes no valor dos estoques de milho e algodão a preços de mercado. Com isso, a empresa teve lucro líquido de R$ 11,233 milhões, 74,8% menor que no ano anterior.
Entre o fim de 2008 e o início de 2009, os preços internacionais do algodão foram fortemente pressionados para baixo por causa da crise internacional, o que reduziu a produção mundial da pluma em 4,4% em 2009/10 – safra também impactada por quebras de produções em importantes países produtores. Com a recuperação da economia, a retomada do consumo de algodão passou a esbarrar na oferta menor, o que vêm provocando recuperação dos preços nos últimos meses.
Segundo Moura, a SLC também poderá avançar no plantio de algodão adensado na segunda safra, cultivada a partir de janeiro, quando a soja começa a ser colhida. "Já plantamos um pouco de adensado neste ciclo, algo como 430 hectares".
O cultivo adensado é feito com metade do espaçamento convencional e teve larga adoção nesta safrinha de algodão no Centro-Oeste, região que representa 60% do cultivo da pluma brasileira. A vantagem da tecnologia está no custo de produção equivalente à metade dos gastos com o plantio convencional.