O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) informou que não está proibida a venda do álcool líquido no Brasil a partir do dia 1º de fevereiro, como afirma a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a Justiça, ainda não foram julgados pelo tribunal recursos pendentes relacionados ao tema.
Três Lagoas
Anvisa anuncia e Justiça nega proibição do álcool líquido
Objetivo da proibição é reduzir número de casos de queimaduras e ingestão acidental
O cabo de guerra entre Anvisa e a Associação Brasileira dos Produtores e Envasadores de Álcool (Abraspea) começou em 2002, quando por meio de uma resolução a agência nacional vetou a venda do álcool líquido. Porém, o setor industrial conseguiu na Justiça decisão a favor dos produtores de álcool líquido.
Nesta quinta-feira, circulou na imprensa que os comerciantes que não conseguirem vender o estoque de álcool líquido até o dia 1º de fevereiro teriam que retirar o produto das prateleiras dos supermercados – a partir desta data estaria proibido vendê-lo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ter conseguido na Justiça a retirada de circulação do produto, e que apenas a versão em gel poderia ser comercializada. Entretanto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região rebateu que, enquanto a ação não for julgada, a comercialização continuará.
ESTOQUE
Em Três Lagoas, a disputa entre Anvisa e Abraspea pegou alguns comerciantes de surpresa. O gerente do supermercado Thomé, Lúcio Fatori, por exemplo, ficou sabendo do fato pela equipe de reportagem do Jornal do Povo. Ele explicou que o estoque de álcool líquido na loja gira em torno de 60 litros. “Com base na decisão anterior da Anvisa, o comércio deixou de estocar álcool em grande quantidade. Agora, só compramos o montante que é comercializado durante o mês. Porém, ele garante que a procura pelo álcool em gel é inferior ao líquido”, informou.
O gerente comercial da rede Nova Estrela, Paulo Amaral, disse que somando o estoque das lojas do grupo o número chega a 1.200 litros. Ele informou que o grupo também só compra o necessário para desovar em um mês. “Deixamos de fazer estoque por conta deste “jogo de empurra” entre Anvisa e Abraspea”. O gerente acredita que a Abraspea vai conseguir na Justiça decisão favorável para continuar comercializando o álcool líquido.
Conforme Amaral, hoje, a venda do álcool líquido é superior em 90% em relação à forma em gel. “O consumidor utiliza a versão líquida para acender churrasqueira, limpeza em geral. Percebo que as pessoas não gostam do produto em gel”, explicou.
A auxiliar de serviço diversos, Nilza Aparecida de Paula Souza, é uma das consumidoras que utiliza o álcool líquido para limpeza em geral. Ela conta que não gostaria que o produto saísse de circulação. “Na minha opinião, para evitar acidentes o ideal é os pais se prevenirem. Quando meus filhos eram pequenos eu deixava o produto no alto. Nunca aconteceu acidente na minha casa”, garantiu.
Já a técnica de segurança de segurança do trabalho, Rosemary Bandeira, é a favor da proibição. Quando criança ela presenciou um acidente de queimadura entre dois amiguinhos. “O garoto causador do incidente, hoje um adulto, é traumatizado”, explicou.
De acordo com a assessoria do hospital Auxiliadora, neste início de ano a instituição atendeu três casos de queimaduras, porém nenhuma delas provocadas por álcool líquido. Já no ano passado a equipe de profissionais não fez estatísticas.