A Petrobras confirmou a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3), de Três Lagoas, a um grupo investidor que vai retomar a obra e ficar responsável pela operação da fábrica. A confirmação foi feita por representantes da diretoria da estatal ao secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, André Milton, durante reunião realizada na sexta-feira (28), na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.
A Petrobras também confirmou ao Jornal do Povo, conforme reportagem publicada na edição passada, que pretende sair do segmento de fertilizantes e que o processo de venda total da UFN 3 estaria sendo avaliado.
A venda da unidade já é dada como certa pelo mercado porque a Petrobras não incluiu a conclusão da fábrica em seu Plano Estratégico e no Plano de Negócios e Gestão 2017-2021, lançado no final do mês passado. “A Petrobras vem de um recomeço de formação de nova diretoria e, com isso, a gente pode ficar contente com algumas coisas: Primeiro é a certeza de que a obra [da UFN 3] será retomada, não ficará abandonada ou sucateada. O tempo em que isso ocorrerá é que ainda não se sabe. Mas, temos passos sendo tomados para que isso aconteça”, declarou André, que se reuniu com o diretor Financeiro da estatal, Ivan Monteiro, e com assessoria da presidência.
Segundo o secretário, a diretoria da Petrobras reafirmou que não possui interesse de concluir a instalação da fábrica nem ficar responsável pelo projeto. “A Petrobras vai vender o projeto inteiro e isso, praticamente, já está fechado com um grupo investidor. É um processo bastante avançado e, praticamente, fechado. Está faltando à finalização [de contrato] da Petrobras com o consórcio [formado pelas empresas Galvão Engenharia e Sinopec Petroleum], e a solução de algumas pendências, inclusive judiciais. O problema é que não tem apenas a UFN 3 para resolver, mas outras obras pelo país. A tentativa é que se resolva uma obra de cada vez”, comentou.
Segundo o secretário, pelas negociações não apenas com representantes da Petrobras, mas com outros empresários, é de que as obras serão retomadas até o final do primeiro semestre do ano que vem.
André Milton descarta a possibilidade dessa obra se tornar “um elefante branco”. “Essa fábrica é importante para o Brasil e vai ser tocada. É uma realidade. Só está se definindo o tempo disso”, ressaltou.
Cerca de R$ 3,5 bilhões já foram investidos na construção da fábrica, parada desde dezembro de 2014, quando a estatal rompeu o contrato com o Consórcio UFN 3.
dívidas locais
Além da retomada das obras, André Milton disse que Petrobras e o Consórcio UFN 3 procuram solução para dívidas com empresas de Três Lagoas.
Em abril do ano passado, a Justiça de Três Lagoas bloqueou R$ 36 milhões da Petrobras para pagamento de fornecedores. Mas, até hoje o dinheiro não foi liberado. A estatal pediu o desbloqueio.
Na semana passada, vereadores da cidade discutiram a possibilidade de o município ingressar com uma ação na Justiça contra a Petrobras para obrigar a empresa ressarcir a prefeitura em aproximadamente R$ 160 milhões referentes ao valor isentado em Imposto Sobre Serviços (ISS) para a construção da unidade de fertilizantes.