
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 2, uma pesquisa em que um a cada dez brasileiros já foi vítima de discriminação em serviço de saúde público e privado no país por algum médico ou outro profissional de saúde. O Centro-Oeste é a segunda região com pior índice: 13,3% declararam já se sentiram discriminadas no setor por algum motivo.
Em Mato Grosso do Sul, os dados do IBGE apontam que 11,06% dos entrevistados negros e 41,59% dos pacientes pardos já foram discriminadas devido à sua raça/cor. O instituto ouviu 226 pessoas no Estado. Destas, 25 negras e 94 pardas afirmaram que foram discriminadas.
A equipe de reportagem do Jornal do Povo foi ao Centro de Especialidades Médicas (CEM) e à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e conversou com os pacientes que aguardavam por atendimento médico. Dos dez entrevistados, apenas um homem relatou já ter sido destratado devido à sua classe social e raça/cor e uma jovem, que um amigo homossexual, também foi alvo de discriminação em um posto de saúde no município. A equipe conversou com homens e mulheres com idades entre 22 e 65 anos.
A pesquisa realizada pelo IBGE aponta que 52,5% de todos os entrevistados declararam que o motivo da discriminação foi por causa de sua classe social e 13,6% devido à sua raça/cor. Os dados correspondem aos mesmos motivos que levaram à agressão por parte de servidores públicos com o técnico em eletrônica, de 63 anos. O senhor Péricles Ramão declarou que mais de uma vez foi destratado por funcionários do atendimento da Saúde em Três Lagoas. “O descaso com o negro não acontece só na saúde. Aqui é só mais um caso”, conta.
A baixa escolaridade, muitas vezes pode estar associada à classe social, também é um dos fatores de preconceito e discriminação no meio, na opinião de Péricles. “Quando percebem que se trata de uma pessoa mais humilde, se recusam a responder uma informação no balcão.”