Veículos de Comunicação

BRASILÂNDIA

Gerentes de fazenda de grupo milionário são presos por submeter trabalhadores a condições degradantes em MS

O nome dos proprietários do grupo milionário que donos da fazenda não foram divulgados pela Polícia Civil

Devido a (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – Lei nº 13.709/2018) as informações sobre quem seriam os donos da fazenda não foram divulgados. Foto: Divulgação/Polícia Civil.
Devido a (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – Lei nº 13.709/2018) as informações sobre quem seriam os donos da fazenda não foram divulgados. Foto: Divulgação/Polícia Civil.

Dois gerentes de uma fazenda pertencente a um grupo agropecuário de grande porte foram presos nesta terça-feira (19), em uma ação da Polícia Civil que revelou a existência de trabalho análogo à escravidão em uma propriedade rural localizada a cerca de 35 km da área urbana de Brasilândia, a 366 km de Campo Grande.

Durante a operação, seis trabalhadores foram resgatados em situação crítica: viviam em ambientes precários, como currais e depósitos, sem estrutura mínima de higiene, expostos ao frio e sem acesso a serviços básicos. De acordo com a Polícia, o grupo empresarial responsável pela fazenda movimenta milhões, contrastando com a realidade dos funcionários explorados.

Segundo relatos das vítimas, as jornadas de trabalho ultrapassavam nove horas diárias, de segunda a sábado, sem pagamento justo ou garantias legais. Além disso, produtos de alimentação e higiene pessoal eram cobrados de forma indevida por intermediários e descontados diretamente dos pagamentos, o que agravava ainda mais a vulnerabilidade dos trabalhadores.

Em um dos trechos mais alarmantes da ação, a Polícia Civil descobriu que cinco dos trabalhadores haviam sido retirados do local pouco antes da chegada da equipe, numa tentativa de acobertar os abusos. Eles foram localizados mais tarde, em uma praça pública no centro da cidade.

As vítimas, oriundas de outros estados, relataram ainda que precisaram caminhar por longas distâncias para conseguir atendimento médico, já que a fazenda não oferecia qualquer suporte de saúde.

Além das prisões, duas caminhonetes foram apreendidas na propriedade. Os detidos permanecem sob custódia e devem passar por audiência nos próximos dias.

Os trabalhadores foram encaminhados ao Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), onde receberam abrigo e alimentação.

O delegado Rafael Montovani, que lidera as investigações, classificou a situação como “absurda” e reforçou o compromisso da Polícia Civil no combate à exploração humana:

“Estamos diante de uma clara violação da dignidade da pessoa humana. As investigações seguem para responsabilizar todos os envolvidos e identificar possíveis outras vítimas.”