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Investigação

MP quer explicações de escola sobre caravana de alunos à ocupação em universidade

Promotora apura se estudantes foram usados em "manobra política"

Alunos foram levados por professores para falar com líderes da ocupação - Reprodução/WhatsApp
Alunos foram levados por professores para falar com líderes da ocupação - Reprodução/WhatsApp

Diretores da Escola Estadual João Thomes deverão dar explicações ao Ministério Público, em Três Lagoas, sobre a ida de um grupo de estudantes do ensino médio ao campus 2 da Universidade Federal de Mato Grosso Sul, nesta semana, para, supostamente, apoiar um movimento de ocupação da UFMS, em protesto contra mudanças propostas pelo governo federal para a educação.

A apuração de "manobra política" é iniciativa da promotora Ana Cristina Carneiro Dias, por meio de um "registro de notícia de fato", com pedido de explicações à escola e ao sindicato dos professores com base em postagens feitas em redes sociais por universitários contrários à ocupação. Professores da escola fizeram postagens de apoio ao movimento e à ida de alunos de 10 a 14 anos para um protesto contra a PEC 55.

"Oficie à diretoria da Escola Estadual Padre João Thomes para que justifique a liberação dos alunos para participação no movimento de ocupação da UFMS e para que informe se houve autorização dos pais. Prazo: 10 dias", diz trecho do registro – peça inicial de instauração de investigação do MP, que pode ser convertida em inquérito e, depois, em denúncia à Justiça, para possível abertura de processo.

Além da direção e do sindicato, Ana Cristina também aponta para responsabilização de professores que teriam monitorado a ida da caravana à universidade.

O diretor da escola, Édson Benazet, disse que é comum a ida de estudantes à UFMS. "A escola é muito próxima da ufms. É constante a presença da ufms na escola através d estagiários, alunos do PIBID, PET, e vice versa, os nossos alunos também estão frequentemente na universidade! (sic)", afirmou, por meio de mensagem eletrônica.

"Acontece que nesse dia, haveria um debate sobre os projetos de emenda à constituição, q traz sérias modificações p o país e nossos professores acompanharam os alunos p assistirem ao debate. Após, voltaram p escola e as aulas continuaram normalmente. N houve dispensa de alunos p fazer manifestação! Tanto a presença da ufms na escola, quanto a dos alunos na universidade traz ganhos  significativos para o processo de ensino e aprendizagem! Tanto que a escola atingiu a meta pré estabelecida no Ideb!", acrescentou Benazet.

A presidente do sindicato de professores, Maria Diogo, disse que tem conhecimento parcial do pedido do MP e que a entidade deve se posicionar na segunda-feira (7). "Quero saber de quem está fazendo estas postagens em redes sociais onde o sindicato tem participação nisso. A quem acusa cabe o ônus da prova", disse.

Veja a íntegra do registro do MP.