Do Caiobá para o Tijuca e depois para o centro. Essa é a rotina do jovem Vinicius Fernandes Cavalcanti, de 14 anos. De segunda a sexta-feira o atleta de jiu-jitsu sai de casa às 5h para ir à escola, localizada no bairro Tijuca, volta para almoçar em casa no bairro Caiobá, onde mora com os pais e outros dois irmãos, e parte rumo ao centro de Campo Grande para vender doces.
O objetivo do adolescente é arrecadar o valor necessário para comprar um novo kimono, pois o que tem atualmente está rasgado, impossibilitando a participação de Vinicius em campeonatos. A próxima competição será o Campeonato Estadual da modalidade, no dia 23 deste mês, em Campo Grande.
Em duas semanas de vendas o estudante arrecadou pouco mais de R$ 200, sendo que o preço total do novo ‘equipamento’ varia de R$ 500 a R$ 550. “Eu faço isso há um mês e três semanas vendo só para comprar o kimono. A ideia foi minha mesmo, e eu vendo essa bala só para me manter no jiu-jitsu, porque eu tenho que pagar os campeonatos, viagens, ônibus, pagar a comida”, contou.
A rotina do adolescente é dividida entre a escola pela manhã, os treinos a noite durante a semana, exceto na quinta-feira que é o dia da célula e a venda dos doces por várias regiões da capital, como a Av. Afonso Pena e Av. Mato Grosso. Todo o trajeto é feito de ônibus, com passes comprados com o dinheiro arrecadado.
Vinicius conheceu o jiu-jitsu em 2016, através de um projeto social de evangelização em uma igreja. Ele, e pouco mais de 70 alunos encontraram no esporte uma forma de sair das ruas e ocupar o contraturno escolar com disciplina e muito suor. Porém, o projeto teve que ser paralisado durante um ano e não conseguiu ser retomado após mais da metade dos alunos se dispersarem, ficando somente Vinicius e outra colega.
“O jiu-jitsu foi para eu sair da rua, porque eu ficava na rua até tarde. Também para eu ganhar muita disciplina, ser educado. Infelizmente hoje em dia o projeto que tinha 80 crianças só tem duas, eu e a Joyce”, contou Vinicius.
O pai do adolescente, Fábio Cavalcanti de Souza, 43, disse que o jiu-jitsu trouxe ao filho mais disciplina e obediência, ajudando na educação do garoto, afastando do mundo das drogas e outros problemas. “Graças a Deus meu guri entrou nesse projeto, porque dos colegas dele que moram aqui estão tudo em outro mundo, no mundo fácil. Mudou bastante, o respeito com as pessoas e até evitar brigas, porque o jiu-jitsu é educativo também”, desabafou.
O funileiro contou ainda que o filho sempre apresentou uma “veia” empreendedora, auxiliando o pastor do projeto na venda de pães e cuidando dos próprios ganhos para comprar roupas, pagar os treinos e até mesmo um celular novo. “Eu abri uma conta para cair todo dinheiro dele lá, fica guardado, aí ele tira o que vai pagar as contas dele, paga o vale transporte que são três por dia, e o restante ele vai juntando”, disse.
Irmão mais velho entre três filhos, Vinicius fechou a participação no último campeonato em março, o Open Dourados, com a conquista do 2º lugar na classe de 14 a 15 anos de 80kg nas faixas laranja e verde. “Fiquei um ano parado sem conseguir treinar, por conta da pandemia, porque a nossa igreja não conseguiu se manter e o projeto acabou junto. Ai agora eu treino na 67 Pantanal Association, nessa academia eu já competi uns quatro ou cinco campeonatos”, contou.
Para auxiliar o adolescente a comprar o novo kimono você pode doar pela chave pix telefone (67) 99296-7910, em nome de Fábio Cavalcanti de Souza, pai de Vinicius. E se você tem interesse em patrocinar o jovem atleta da capital, basta entrar em contato com o pai dele pelo telefone acima.