O primeiro-ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, renunciou hoje, em meio à sessão do Parlamento convocada pelo presidente Viktor Yanukovich para tentar resolver a crise política no país. A saída do chefe de governo era um dos pedidos dos manifestantes, que protestam há três meses contra o governo.
Em nota lida no plenário do Legislativo, Azarov afirmou que deixa o governo devido aos riscos à economia provocados pelos protestos. "A situação de conflito que surgiu no país está ameaçando o desenvolvimento econômico e social da Ucrânia, criando uma ameaça a toda a sociedade ucraniana e a cada cidadão".
Para ele, a renúncia também ajudará o país a encontrar um acordo político para dar fim às manifestações de forma pacífica. De acordo com a Constituição, a renúncia do primeiro-ministro significa a dissolução de todo o gabinete de governo.
Azarov, 66, foi nomeado por Yanukovich após a eleição presidencial de 2010 e, desde então, conduziu a endividada economia do país em momentos difíceis, mantendo a moeda nacional firmemente atrelada ao dólar e rejeitando a pressão do Fundo Monetário Internacional para elevar o preço do gás no país.
Fiel colaborador de Yanukovich, ele apoiou em novembro a decisão de abandonar um acordo de livre comércio com a União Europeia para aproximar-se ainda mais da Rússia. A medida levou milhares de manifestantes às ruas contra o presidente.
A saída de Azarov foi anunciada em meio a uma sessão do Parlamento que visa dar fim à crise política. Após o comunicado, os deputados suspenderam a sessão. Dentre os assuntos a serem debatidos, está a nova lei que limita os protestos, anunciada há três semanas e que provocaram a revolta dos opositores.
A medida aumentou as manifestações e deu início a uma série de confrontos violentos entre manifestantes radicais e a polícia, com três mortos e 500 feridos na capital Kiev. A insatisfação também motivou mais protestos no oeste do país, dominado pela oposição pró-União Europeia.
Como resposta, os aliados do governo, partidários de mais laços com a Rússia, anunciaram ontem uma marcha do leste do país em direção à capital.