A coordenadora de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Cppir) de Mato Grosso do Sul, Raimunda Luzia de Brito, ao comentar sobre a celebração do “Dia Internacional de Luta da Mulher Negra da América Latina e do Caribe” – comemorado em hoje (25), disse que a referida data foi criada para dar visibilidade à mulher negra. “A mulher negra é duas vezes invisível”, afirma Brito, que tem formação na área de Direito e mestre em Serviço Social. Como educadora lecionou 29 anos na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), na Capital. É funcionária da Secretaria de Estado de Governo (Segov), e faz doutorado na área de Educação.
Raimunda Luzia de Brito participou da segunda reunião das mulheres latina e caribenha, na Costa Rica em dezembro de 1996. Segundo ela, nesta reunião reuniram-se mulheres de 17 países. “Agora já tem muito mais mulheres participando do evento. Porque os outros países já perceberam a importância da celebração. Eles escolheram esse dia (25 de julho) para pode dar visibilidade à mulher negra. Aliás! A mulher já é invisível. E, a mulher negra é duas vezes invisível”, disse a coordenadora da Cppir ao informar que a celebração em prol ao dia 25 de julho foi escolhida por 17 países da América Latina, do Caribe e da América do Norte.
“À medida que os anos vão passando a gente vai vendo que é realmente uma necessidade realizar evento como este. Porque a mulher negra ainda é invisível. Quando as pessoas querem empregadas domésticas vem procurar a gente para indicar uma mulher negra. Atualmente muitas delas estão desempregadas. Mas quando precisam de uma pessoa da linha de frente, como por exemplo, secretária, não vem perguntar pra gente se tem alguma negra precisando desse emprego. Ainda é assim!”, disse Raimunda indignada com a situação da mulher negra em nível nacional, lembrando da importância de reforçar o evento para chamar atenção da mídia, para dar visibilidade à mulher negra.
Criado o Dia da Mulher Negra
De acordo com as informações da Agência Senado, a situação da mulher negra brasileira deverá ser debatida a cada dia 25 de julho em todo o país. Nesta data será celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, segundo o Projeto de Lei do Senado (PLS) 23/09, de autoria da senadora Serys Slhessarenko (MT), que foi aprovado em decisão terminativa, no dia 7 de julho, deste ano, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). – Tereza de Benguela foi líder quilombola do século 18, que a frente do Quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, resistiu por mais de 20 anos à escravidão.
25 de julho
Em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-atino-americanas e Afro-caribenhas, em San Domingos, República Dominicana, estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, muitas ongs têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem, explícitas em muitas situações cotidianas.
Neste ano, a Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos (Rede Feminista de Saúde) integra o 25 de julho – conhecido como Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe – ao seu calendário de lutas. Criada em 1991, a Rede é uma articulação do movimento de mulheres, com nove regionais e 182 filiadas, de 20 Estados brasileiros – grupos e ativistas feministas, ongs, núcleos de pesquisas, profissionais de saúde. (fonte: www.abong.org.br)