O diretor do escritório técnico do Ministério do Interior do Egito, Mohammed Said, foi morto hoje quando saía de sua casa no Cairo. Membro do alto escalão do governo, ele era o responsável por transferir as ordens do ministro a outros departamentos, como as forças de segurança.
Oportunidade
Membro do alto escalão é morto no Cairo
O ataque aconteceu horas antes do início de uma audiência de um dos processos contra o presidente islamita Mohammed Mursi, que foi deposto pelos militares em julho. Desde a retirada do mandatário, grupos radicais islâmicos atacam com frequência os responsáveis pela repressão à Irmandade Muçulmana.
Segundo membros das forças de segurança, Said seguia pela avenida das Pirâmides, na área de Giza, quando o comboio que o levava foi interceptado por homens armados, que dispararam contra seu carro. Ainda não se sabe a identidade dos agressores, que esperaram o general da polícia na porta de sua casa e fugiram.
Devido à importância na execução de ordens do Ministério do Interior, o habitual é que não se saiba quem ocupa a diretoria do escritório técnico. Por isso, a polícia se mostrou surpresa pelo fato de os criminosos conhecerem sua identidade.
Said não foi o primeiro funcionário do governo interino a sofrer um atentado nos últimos meses. O próprio ministro do Interior, Mohammed Ibrahim, foi alvo de um atentado com carro-bomba no Cairo em setembro do ano passado, do qual saiu ileso.
Na última sexta, uma sequência de atentados contra as forças de segurança deixou seis mortos e 92 feridos em todo o país. A ação também acontece após o conselho militar abrir caminho para a candidatura do chefe das Forças Armadas egípcias, Abdel Fattah al-Sisi, à Presidência.
Considerado o principal responsável pela queda de Mursi, Sisi é favorito para vencer a eleição, que acontece em abril.
O pleito não contará com a participação da Irmandade Muçulmana, à qual o islamita era associado, que foi considerado um movimento terrorista.
Mursi
Hoje, o presidente deposto passará pela primeira audiência no caso em que é acusado de conspiração com o grupo radical palestino Hamas e com o libanês Hizbullah para fugir da cadeia em meio à revolta que derrubou o ditador Hosni Mubarak, em 2011.
As organizações são acusadas de fazerem ataques a delegacias e postos da polícia para facilitar a fuga dos membros da Irmandade Muçulmana. Além dele, outros 132 islamitas também serão julgados. Caso seja considerado culpado, Mursi poderá ser condenado à pena de morte.
O presidente deposto se considera vítima de um julgamento político movido pelos que o retiraram do poder. Ele também é processado por incitação à violência, junto com outros membros da Irmandade, pelas mortes ocorridas nos protestos que precederam sua queda, em junho de 2013.