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Questões do Enem mencionam programas do governo

Gripe suína e portal de livros para professores foram alguns dos temas

Pelo menos quatro questões da prova de ontem do Enem mencionavam programas do governo federal. No exame de linguagens havia um texto explicativo sobre o portal Domínio Público, que disponibiliza online uma biblioteca para professores. A pergunta pedia qual era a “função social” do projeto e única resposta certa possível era “a democratização da informação, por meio da disponibilização de conteúdo cultural e científico à sociedade”.

Outra questão pedia para que o aluno comentasse um texto da campanha do governo sobre a gripe suína. Perguntava quais os “recursos utilizados para envolvimento do leitor à campanha” e depois dizia que o texto tinha o “objetivo de solucionar um problema social”.

Outro material do Ministério da Saúde foi usado numa pergunta sobre a dengue. E, na prova de matemática, tabela da Agência Nacional do Petróleo mostrava dados sobre comércio exterior.


O tema da redação surpreendeu professores dos cursinhos de São Paulo. O exame pedia que os alunos escrevessem sobre “o indivíduo frente à ética nacional”, sugerindo uma proposta de ação social que respeitasse os direitos humanos. De maneira geral, os professores ouvidos pelo Estado consideraram a prova realizada ontem, de matemática e linguagens, mais difícil do que o exame que vazou.

O Inep informou que vai analisar a prova, mas que o exame teria o mesmo número de questões difíceis, médias e fáceis que o anterior. O Enem passou a usar uma nova tecnologia para ter o mesmo nível de dificuldade em todas as provas realizadas e ser comparável ano a ano.


O exame de linguagem tinha uma questão anulada, a de número 101 (nas provas azul, amarela e rosa) e 102 (na cinza). A anulação constava do primeiro gabarito divulgado pelo Inep.

A professora Eclícia Pereira, do Cursinho da Poli, acredita que o tema da redação foi complexo e interessante. “Embora o tema envolvesse política e corrupção, o vestibulando tinha de falar sobre o comportamento de quem critica (a corrupção)”, explica. Compunham o tema uma ilustração de Millôr Fernandes e textos de Lya Luft e Contardo Calligaris.


“Não achava que a prova falaria de corrupção pelo fato de o exame ter vazado. Achei ótimo”, disse professora do Objetivo Elizabeth de Melo Massaranduba. No entanto, ela considerou a prova de português complicada. “Tinham textos longos e de difícil entendimento.” O professor Héric José Palos, do Etapa, concorda. “Em algumas questões até as alternativas eram longas.”

O exame de matemática foi considerado de nível médio, com muitos cálculos e algumas questões mais complicadas do que a prova que vazou. “Foi uma prova de raciocínio aritmético”, afirma o coordenador geral do Anglo, Nicolau Marmo. Segundo ele, havia duas questões de geometria mais difíceis.

Professores questionaram a questão sobre uma escultura de Emanuel Araujo. Segundo eles, não havia uma resposta certa e a figura era ruim.