Os alunos dos cursos de licenciatura em Geografia e História, e bacharelado e mestrando em Geografia, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), trouxeram resultados satisfatórios do “Café da Manhã no Campo”, realizado no último sábado (26), no assentamento Pontal do Faia, distante cerca de 40 km da área central de Três Lagoas.
Os pequenos produtores tiveram a oportunidade de expor todo o alimento produzido diretamente no campo, em uma demonstração de orgulho, segundo a professora doutora Rosimeire Aparecida de Almeida, especialista em Geografia Agrária. “Uma senhora chegou com um punhado de café na mão e disse que em uma das garrafas da mesa estava o café cultivado por eles mesmos, no assentamento. Isso tudo é muito prazeroso para eles”, comenta.
A intenção foi proporcionar aos alunos interação e melhor compreensão da questão agrária em Três Lagoas, objetivo que os acadêmicos afirmam que foi alcançado. “O trabalho de campo é uma ferramenta avaliativa que complementa a formação teórica do aluno, pois é o momento em que ele vai de encontro à realidade”, disse a professora.
O alimento mais produzido no assentamento é o leite, que é destinado ao laticínio de Selvíria. E, para 2012, os assentados estão com um projeto de adquirir equipamentos para o empacotamento do leite, visto que produzem uma média diária de mil litros. Eles pretendem estender o fornecimento para a cidade. O projeto vai enquadrar os assentados a fim de que sejam fornecedores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no qual 30% dos recursos destinados à merenda escolar são utilizados na aquisição de produtos da agricultura familiar, produzidos em assentamentos como o Pontal do Faia.
REALIDADE ADVERSA
Foi arrecadado o valor de R$ 5 por aluno, dinheiro que seria destinado aos assentados como pagamento pelo banquete servido durante a visita. Os produtores não aceitaram e fizeram um acordo com o grupo da universidade: que o dinheiro fosse destinado ao Horto Canoas, em Selvíria. Esse assentamento está passando por diversas dificuldades estruturais, com famílias vivendo em condições precárias, segundo a professora e os estudantes.
Diferente da realidade testemunhada pelos universitários no Pontal do Faia, onde há fartura de alimentos e expectativa de produção em maior escala, o Canoas, que tem apenas dois anos, está vivenciando um drama, pois não está produzindo nem para consumo próprio. “No dia sete de dezembro, nós, professores e alguns alunos, iremos até o assentamento Canoas para entregar alimentos que iremos comprar com o dinheiro arrecadado (R$ 415)”, salienta.
Rosemeire adverte que a ajuda da universidade não deve ser comparada a assistencialismo, pois é um ato de solidariedade com esses produtores que estão em uma situação limite.