O Ministério Público do Trabalho (MPT) suspendeu as eleições do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, Mobiliária e Montagem de Três Lagoas (Sintricom), apoiado pela Força Nacional, que seriam realizadas ontem. Isso ocorreu porque a chapa 2, considerada oposição por ser apoiada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que também concorreria às vagas na direção do sindicato, entrou com uma intervenção no MPT e no Tribunal Regional do Trabalho. A chapa 2 alega possíveis irregularidades da atual direção do Sintricom composta pelo presidente Agmar Luiz e de Souza e pelo vice-presidente Donizeth Moreira.
De acordo com Paulo Roberto de Paula, presidente do Sindicato da Montagem e Manutenção Industrial de Três Lagoas (Sindmontagem), filiado à CUT, a atual direção do Sintricom conta com apenas 148 filiados em um universo de mais de 12 mil trabalhadores da construção civil. “Existe uma discrepância muito grande. Eles alegam que apenas os filiados têm direito de votar, já que seria bem fácil a atual direção ser reeleita com chapa única e votos apenas dos filiados”, disse. Para Paulo, todos os operários têm direito ao voto, pois eles contribuem mensalmente com o Sintricom. “Existe um valor que é descontado em folha todos os meses. Tecnicamente, quem contribui tem direito a voto”, disse.
Na última segunda-feira, a CUT e a Sindmontagem realizaram uma manifestação em frente ao canteiro de obras da Eldorado Brasil, com a intenção de orientar os trabalhadores quanto ao direito de voto. Segundo Paulo, como o Sintricom alega que apenas os filiados têm direito de participar das eleições, os trabalhadores foram encaminhados à sede do sindicato para se filiarem, mas não foram atendidos. “A direção ‘fugiu’ do sindicato para não atender aos operários. Possivelmente, estava temendo filiar mais de mil homens que provavelmente apoiam a CUT e não a Força Sindical”, disparou.
DISPUTA
A chapa 2 até tentou se candidatar, porém foi impugnada pelo colégio eleitoral que, segundo Paulo, é composto por pessoas que apoiam a Força Sindical. “Essas pessoas estão do lado do Sintricom. Assim, fica mais fácil impugnar uma segunda chapa, apoiada pela oposição”, declarou. Paulo disse ainda que a chapa 2 denunciou ao MPT ainda que o Sintricom contratou uma advogada para defender os trabalhadores que também foi contratada pelas empresas. “Como ela [advogada] faz para defender os patrões e funcionários ao mesmo tempo? Isso é falta de ética”, afirmou.
Paulo contou também que a postura da atual direção do Sintricom é antiquada. Ele acredita que esses comportamentos são típicos de quem quer se manter no poder de modo autoritário. “A única coisa que queremos é que o Sintricom faça uma eleição aberta, permitindo que novas chapas sejam inscritas. Queremos democratização sindical”, salientou.
SINTRICOM
Conforme o vice-presidente do Sintricom, Donizeth Moreira, as eleições foram realizadas dentro da legalidade. Ele sustentou que apenas os filiados têm direito de votar. “Convidamos os trabalhadores para realizarem a filiação, mas eles não querem. Ontem, ficamos o dia todo na sede do sindicato aguardando por ele, mas ninguém apareceu”, disse.
Em entrevista ao Jornal do Povo na última terça-feira, o presidente do Sintricom, Agmar Luiz de Souza, disse que a chapa 2 inscreveu-se, entretanto apresentou irregularidades e, por isso, não teve direito de concorrer às eleições.