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Três Lagoas

Incra em MS comprava 80% a mais de cestas que o necessário, aponta MPF

A irregularidade foi descoberta pelo MPF (Ministério Público Federal), que também constatou indícios de desvio das cestas

Em 2010 o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), comprou cestas básicas em número 80% maior do que o necessário para a distribuição às famílias de trabalhadores rurais acampados no Estado. A irregularidade foi descoberta pelo MPF (Ministério Público Federal), que também constatou indícios de desvio das cestas, pelos movimentos dos trabalhadores rurais sem-terra.

Somente em agosto do ano passado, foi solicitado que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) adquirisse 16 mil cestas, custando R$ 68 cada. Cada cesta teria que ser entregue a uma família acampada. No entanto, dados do próprio Incra, em recadastramento determinado pelo MPF, define que há 2553 famílias em 110 acampamentos em todo o estado, ou 16% do total estimado. As 13.447 cestas a mais custaram aos cofres públicos R$ 914 mil.

Em 2010, em outras duas etapas de compras, foram adquiridas 13.587 e 13.671 unidades. Considerando o mesmo erro, de 16%, o excedente custaria R$ 1.556.996,00. Em 2009, foram adquiridas 56.169 cestas de alimentos.

Além disso, a investigação do MPF revelou indícios de desvio e venda de cestas básicas por presidentes de sindicatos e líderes de acampamentos. As denúncias são investigadas em inquéritos na Polícia Federal, que também apura suspeitas de exploração da distribuição das cestas com cunho eleitoral por servidores do Incra.

O MPF determinou, além do recadastramento, que a entrega de cestas de alimentos seja realizada com o preenchimento de um Termo de Declaração que certifique a moradia no acampamento. A entrega deve ser feita por servidores do Incra diretamente aos acampados, com recibos que contenham nome, CPF e assinatura do beneficiário.

Cada novo cadastro deve ser comprovado e comunicado ao Incra. Caso haja irregularidades no cadastro de beneficiários, os responsáveis estarão sujeitos a penalidades previstas na legislação criminal.

O MPF estuda a abertura de processos por improbidade administrativa contra os diretores do Incra responsáveis pela distribuição das cestas básicas.