Após meses de críticas e reclamações da população, especialmente relacionadas à falta de medicamentos nas unidades de saúde e à demora para a realização de exames e cirurgias, a secretária municipal de Saúde, Juliana Salim, explicou as medidas que vêm sendo adotadas para reestruturar o sistema de saúde do município.
Ela assumiu a pasta em abril deste ano e afirma que, até agosto, a situação nas farmácias deve ser regularizada. “Já finalizamos o processo licitatório, apesar de alguns itens serem considerados por falta de interesse de licitantes. Já acionamos um novo termo e, agora, vamos investir na Ata de Registro de Preços, como fazem municípios maiores. Isso permitirá comprar medicamentos ao longo do ano, o que não é possível pela licitação tradicional”, explicou Juliana.
Segundo a secretária, a regularização dos estoques deve ocorrer entre os dias 20 e 25 de agosto. Enquanto isso, a prefeitura tem buscado empréstimos de medicamentos com outros municípios, embora a alta demanda local, que chega a 150 mil habitantes com a entrada de pacientes de cidades vizinhas, dificulte a reposição emergencial.
PPI
Juliana destacou que muitos medicamentos são consumidos por moradores de outras cidades que utilizam os serviços de Três Lagoas por meio da Programação Pactuada Integrada (PPI). “Esses pacientes são atendidos aqui, mas os repasses via PPI cobrem apenas procedimentos, consultas e exames, não medicamentos. Cada município é responsável pela compra dos seus remédios”, reforçou.
Câmara Técnica
Uma Câmara Técnica foi criada para reorganizar a oferta de medicamentos de acordo com a real demanda da região. O grupo inclui médicos, enfermeiros e farmacêuticos, que irão analisar o consumo e planejar aquisições de forma mais precisa. “O objetivo é que no ano que vem não voltemos a discutir falta de medicamentos”, afirmou.
Filas
Sobre as filas para exames e cirurgias, Juliana destacou que a gestão busca uma solução estruturada, e não apenas ações pontuais. “Mutirões, quando mal planejados, geram um grande volume de retornos e acabam sobrecarregando o sistema. Estamos investindo em parcerias, credenciamentos e telemedicina para ampliar o atendimento de forma eficiente e contínua”.
Entre as iniciativas já em andamento estão a chegada de uma equipe de ortopedia de Presidente Prudente para realizar cirurgias e pré-operatórios no CEM. A secretária também anunciou parcerias com a Fiocruz e o Hospital Albert Einstein para oferecer 22 especialidades via telemedicina, incluindo cardiologia, pneumologia, gastroenterologia e endocrinologia (pediátrica e adulta).
Neurologia e saúde mental
Sobre a neurologia, Juliana garantiu que não há pacientes esperando há anos, como alegam algumas reclamações. “Hoje temos consultas de neurologia para adultos disponíveis em média em até três meses. A neuropediatria está sendo atendida por telemedicina na Clínica da Criança”, explicou.
A demanda por psicólogos e psiquiatras também vem crescendo. Para reforçar o atendimento infantil, a Clínica da Criança foi reestruturada: a farmácia e o consultório odontológico foram desativados, dando lugar a novas salas para psicólogos e terapeutas ocupacionais. “Nos bairros, onde há maior procura por atendimento odontológico, as UBSs seguem atendendo normalmente”, justificou a secretária.
Mudanças
A Clínica do Idoso também está passando por mudanças. Uma parceria com a UFMS vai ampliar os serviços voltados ao cuidado de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e obesidade, com atendimentos interdisciplinares, como hidroginástica e reeducação alimentar. Os medicamentos antes retirados na clínica passaram a ser distribuídos em outras unidades.
Parcerias
Juliana ressaltou a importância das parcerias com o Governo do Estado, que tem ajudado na estruturação do Hospital Auxiliadora e na consolidação do Hospital Regional, que será referência em atendimentos de alta complexidade, como neurocirurgias e cirurgias ortopédicas e oftalmológicas (catarata). “Estamos estruturando nossa rede para que Três Lagoas se consolide como polo regional de saúde, sem depender de municípios menores para realizar procedimentos especializados”, afirmou.
Expectativa
Mesmo com os desafios, a secretária se mostra otimista. “Estamos plantando agora para colher daqui a seis meses. A saúde pública exige gestão, planejamento e sensibilidade. Três Lagoas evoluiu muito e precisamos olhar para isso com responsabilidade e estratégia”, destacou. A secretária disse que a pasta está de portas abertas para o diálogo com a população e garantiu que, nos próximos meses, a cidade começará a sentir os reflexos das ações implantadas.