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BR-262

Trecho vital da Rota da Celulose é excluído de duplicação e gera indignação

BR-262 entre Três Lagoas e Ribas ficará sem duplicação em novo pacote de concessões

Nova concessão bilionária deixa trecho de Três Lagoas a Ribas do Rio Pardo fora de duplicação - Foto: Arquivo/RCN 67
Nova concessão bilionária deixa trecho de Três Lagoas a Ribas do Rio Pardo fora de duplicação - Foto: Arquivo/RCN 67

Apesar de prometer melhorias em mais de 870 quilômetros de rodovias e envolver investimentos superiores a R$ 10 bilhões, a nova concessão da chamada Rota da Celulose deixou de fora um dos trechos mais estratégicos de Mato Grosso do Sul: a BR-262 entre Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo não será duplicada. A decisão gerou reação na Câmara Municipal de Três Lagoas, especialmente diante do impacto logístico e econômico que a exclusão representa.

O contrato da nova concessão foi assinado na semana passada com o consórcio K&G, que ficará responsável por modernizar as rodovias estaduais e federais em Mato Grosso do Sul. No entanto, o trecho da BR-262 entre Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo — por onde circula diariamente grande volume de caminhões ligados à indústria de celulose — terá apenas terceira faixa em alguns pontos, e ainda será tarifado por pedágios considerados elevados.

Durante a sessão legislativa desta terça-feira (13), o vereador Fernando Jurado usou a tribuna para expressar indignação com a exclusão da duplicação. Para ele, o trecho deveria ser tratado como prioridade absoluta, considerando o papel de Três Lagoas como polo industrial e logístico do estado.

“A gente está extremamente decepcionado com a notícia. Um projeto tão esperado, debatido com a presença do governo do Estado, agora chega com a informação de que Três Lagoas não receberá a melhor fatia. Vamos ter que pagar pedágio e, em troca, receber só terceira faixa. Isso é inaceitável”, declarou Jurado.

O parlamentar afirmou que seu gabinete estará mobilizado para levar essa reivindicação diretamente ao Governo do Estado. Segundo ele, Três Lagoas merece a duplicação completa da BR-262 até, pelo menos, próximo a Ribas do Rio Pardo.

Outro ponto criticado pelos vereadores foi o modelo de concessão adotado, que prevê pedágios altos sem garantias de contrapartidas proporcionais. Para Fernando Jurado, o projeto ignora a importância estratégica de Três Lagoas:

“Tem dois problemas muito graves: o primeiro é desconsiderar a importância econômica da nossa cidade. Estamos falando da cidade que carrega a economia do Mato Grosso do Sul, especialmente na produção industrial. O segundo é que, além de uma estrutura inadequada, ainda teremos que arcar com tarifas altas. Não dá para aceitar isso.”

A preocupação também foi compartilhada pelo deputado federal Luiz Ovando, que esteve em agenda na cidade nesta terça-feira. Segundo ele, o histórico das concessões em Mato Grosso do Sul inspira desconfiança quanto ao cumprimento das promessas.

“A CCR, que iniciou concessão da BR-163 em 2013, não cumpriu absolutamente nada. Foi feita uma repactuação contra orientação do TCU, e mesmo assim passou. Então, é preciso ficar atento. Se o que está sendo prometido agora também não for cumprido, que haja ações jurídicas para corrigir o rumo”, afirmou o deputado.

Ovando também criticou a falta de prioridade para o trecho de Três Lagoas, citando que o próprio plano de duplicação total em outros trechos só deve ocorrer ao longo de 30 anos, o que para ele representa um descaso com a população.

A cobrança da classe política local agora é para que o governador do Estado reavalie o contrato e busque garantir a inclusão da duplicação no trecho mais movimentado e estratégico da Rota da Celulose.