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Três Lagoas

MP não deve acatar defesa sobre transferência de paciente

Segundo informações do MP, a administração municipal estava obrigada a transferir o paciente para qualquer outro hospital

Paciente morreu no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora por falta de especialista na área de neurocirurgia -
Paciente morreu no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora por falta de especialista na área de neurocirurgia -

O Ministério Público de Três Lagoas não deve acatar a defesa da Prefeitura em relação a não transferência do paciente Florentin Garcia, 51, que faleceu na terça-feira (18) no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Segundo informações do MP, a administração municipal estava obrigada a transferir o paciente para qualquer outro hospital e não somente para a Santa Casa de Campo Grande, para onde a Prefeitura tentava levar Garcia desde o dia 12 de janeiro, quando ele deu entrada no hospital na cidade.

Assim que receber o processo de ação civil com vistas, o MP pode encaminhar cópia ao Procurador Geral do Estado para que ele dê entrada com ação no Tribunal de Justiça , alegando que a Prefeitura não cumpriu a determinação da justiça estadual e pedir a condenação por crime de responsabilidade.

Florentin Garcia morreu porque não pode ser submetido a uma delicada cirurgia na coluna (retirada de abscesso). O Hospital Nossa Senhora Auxiliadora não conta com um especialista na área e nem com equipamento médico adequado para este tipo de procedimento. Diante disso, o MP entendeu que o município deveria ter imediatamente transferido o paciente para outro hospital, com as condições necessárias ao tratamento de saúde em questão.

NEGLIGÊNCIA
MP responsabiliza a administração municipal por negligência e improbidade por não ter acatado determinação da justiça estadual de prestar o serviço ao paciente em 24 horas, com prazo até o dia 16 de janeiro. Segundo apurou a reportagem do Jornal do Povo, o MP já estava ciente das tentativas de transferência realizadas pela Prefeitura, que não conseguia a vaga para o paciente na Santa Casa de Campo Grande. A prefeita Marcia Moura pessoalmente recebeu e assinou documento do MP com essa decisão.

Dessa forma, o MP se adiantou e entrou com a ação civil pública contra a Prefeitura na justiça estadual, setor de Fazenda Pública, pedindo a tutela antecipada para garantir a prestação de serviço ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), sob pena do município sofrer multa de R$ 10 mil por dia. "A obrigação da Prefeitura era de conseguir a vaga adequada para colocar o paciente em qualquer hospital e não somente tentar colocá-lo em apenas um", afirmou um assessor do MP ouvido pelo Jornal do Povo.

ESPECIALIDADE
“A prefeitura de Três Lagoas não foi negligente, omissa, tampouco desobediente em relação ao que foi determinado pelo Ministério Público no que diz respeito à transferência do paciente Florentin Garcia para Campo Grande", afirmou o secretário de Saúde, Sergio Jeremias, em nota divulgada pela assessoria de imprensa. "Tivemos sim a responsabilidade de mantê-lo na UTI enquanto aguardávamos vaga em Campo Grande”, completou.

O secretário de Saúde defendeu que a Prefeitura usou todos os recursos possíveis para manter o paciente vivo, mas reconheceu que o "município não dispõe de condições técnicas que assegurasse o tratamento do paciente, que tinha um abscesso na coluna, necessitando do atendimento de um neurocirurgião". “Quero, por exemplo, que a rede pública tenha um neurocirurgião. Só que o profissional, simplesmente, não basta. Ele precisa de equipe, estrutura e equipamentos para trabalhar. E para tudo isso, eu preciso de recurso financeiro", alegou o secretário, que passou o dia de ontem em Campo Grande em reunião na Secretaria Estadual de Saúde.

Segundo informações do MP, já existe processo na justiça estadual contra a Prefeitura, em decorrência do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora não ter em algumas áreas atendimento especializado para população, no âmbito do SUS.