Veículos de Comunicação

70 Anos Jornal Do Povo

Ramez. Nome na história

Especial 70 anos do Jornal do Povo

 - Arquivo/JPNews
- Arquivo/JPNews

Não poderia haver frases melhores para definir Ramez Tebet, um dos mais ilustres filhos de Três Lagoas, que deixou grandes legados não apenas para sua cidade natal, mas para o Estado e País. A primeira frase estampa o livro “Simplesmente Ramez Tebet”, de Coaraci Castilho, coronel aposentado da Polícia Militar e que foi secretário de gabinete de Ramez. O livro foi lançado em 2007. A segunda frase é manchete de um caderno especial publicado pelo Jornal do Povo, em 22 de novembro de 2006, quando o político já havia morrido.

 Ao longo de sua vida política, o Jornal do Povo teve o prazer de acompanhar e divulgar a trajetória de Ramez, desde que era prefeito de Três Lagoas, até presidente do Senado – única liderança três-lagoense a ocupar, até agora, o mais alto cargo no Congresso Nacional.

Mas, antes de falarmos do senador, é preciso que a gente conte primeiro, um pouco da trajetória do três-lagoense e ex- prefeito Ramez Tebet. 

Filho de Taufic e Angelina Jaime Tebet, vindo de uma tradicional família árabe-brasileira de Três Lagoas. Casado com Fairte Nassar Tebet, teve quatro filhos; Simone, Eduarda, e os gêmeos Ramez e  Rodrigo Tebet.

Ramez se formou em Direito pela Universidade de Direito do Rio de Janeiro, em1959. Foi promotor público em Três Lagoas no período de 1961 e 1964. Nos anos seguintes, dividiu-se entre a advocacia e professor universitário. Em 1975 foi nomeado prefeito de Três Lagoas pelo governador do Estado, uma vez que não havia eleições diretas para prefeito. Até hoje, a cidade possui obras construídas em sua gestão, como o Ginásio Municipal de Esportes e o terminal rodoviário.

Tebet deixou o cargo de prefeito em 1978, quando foi empossado secretário de Justiça de Mato Grosso do Sul. No ano seguinte, tornou-se deputado estadual na primeira legislatura, da então recém-nascida Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Ramez participou da elaboração e foi o relator da primeira Constituição do Estado. 

Deixou a Assembleia Legislativa para ocupar a vaga de vice-governador de Wilson Barbosa Martins (PMDB) na chapa que seria eleita para governar o Estado em sua primeira eleição direta para os governos estaduais desde a implantação da ditadura militar. Em 14 de março de 1986, quando Wilson se afastou para concorrer ao Senado, Ramez assumiu o governo. Seu mandato se estendeu até 15 de março de 1987, quando deu a posse ao sucessor Marcelo Miranda (PMDB).  Entre 1987 e 1989 atuou como Superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, na Sudeco.

RAMEZ SENADOR 
Em 1994 foi eleito senador; depois, em 2001, nomeado ministro da Integração Nacional, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Permaneceu no cargo por apenas três meses para, então, assumir a presidência do Senado, cargo que ocupou até 1º de fevereiro de 2003, dando posse, inclusive, no dia 1º de janeiro do mesmo ano, ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ramez conseguiu notoriedade nacional pelo trabalho que desenvolveu no Senado. Na presidência da Casa, por exemplo, destacou-se na presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito – que investigou o Poder Judiciário – e do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Um dos casos investigados por Ramez foi o esquema de desvio de verbas da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). 

Participou também da Reforma Tributária e foi o relator da nova Lei de Falências. Além disso, foi uma das lideranças que mais lutou pela construção da ponte rodoviária sobre o rio Paraná, ligando Três Lagoas a Castilho (SP). Fazia questão de todos os anos de apresentar emendas destinando recursos para Mato Grosso do Sul, em especial para Três Lagoas.
Também teve atuação importante na construção da ponte rodoferroviária, que liga Aparecida do Taboado (MS) e Rubinéia (SP), em parceria com outros políticos da época. Em 2002 foi reeleito com a maior votação já obtida por um político de Mato Grosso do Sul – mais de 730 mil votos. Nessa legislatura, participou de debates importantes da agenda política nacional, como a da Reforma Tributária. Também foi o relator da nova Lei de Falências.

O ADEUS
Na década de 1980, curou-se de um câncer no esôfago. Em 2004 o câncer reapareceu e Ramez lutou contra ele até sua morte, em 17 de novembro de 2006. Ramez foi uma liderança tão respeitada que seu funeral foi prestigiado por autoridades de todo o país. Entre elas, o então presidente Lula, o então deputado federal e ex-presidente Michel Temer, entre outros senadores. Além disso, inúmeros três-lagoenses estiveram em seu velório que aconteceu no ginásio de esportes, construído quando Ramez era prefeito. 

Ramez conseguiu realizar o sonho de ver um dos filhos, no caso a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) ingressar na política. Ramez ajudou a elegê-la deputada estadual, em 2002, e depois prefeita de Três Lagoas, em 2004. Mas o sonho dele, segundo declarado inúmeras vezes por Simone Tebet, era vê-la senadora, posto que conseguiu ocupar na eleição de 2014. 

Ao longo desses anos, o Jornal do Povo mostrou ocupando os mesmos cargos que o pai. Quem sabe nas próximas edições possam ser publicadas reportagens de Simone eleita presidente do Senado ou governadora, nos mesmos caminhos do pai.

LIVRO 
O livro “Simplesmente Ramez Tebet” é um dos registros mais profundos da vida política do senador. Segundo Castilho, o livro começou a ser escrito ainda quando Ramez estava vivo, sendo a biografia autorizada por ele. Segundo ele, a autoria também é atribuída ao próprio Ramez, que contribuiu na produção da obra desde quando idealizada, em 1987. O nome da obra é uma referência à simplicidade de Tebet, que sempre foi uma marca de sua personalidade. A obra, editada pela editora Life, tem quase 300 páginas, divididas em 13 capítulos.