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Três Lagoas

Terceirizada da Eldorado demite 300 trabalhadores

Rescisões de contrato podem estar relacionadas à greve geral realizada neste mês

Operários aguardam informações na frente do escritório em Três Lagoas -
Operários aguardam informações na frente do escritório em Três Lagoas -

Mais de 300 operários da construtora Paranasa, terceirizada da Eldorado Brasil, foram demitidos nesta semana. As rescisões de contrato podem estar relacionadas ao movimento grevista deflagrado no dia 28 de janeiro, quando oito mil trabalhadores pararam a construção daquela que será a maior fábrica de celulose do mundo, por mais de uma semana.

Conforme Donizeth Moreira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Manutenção Industrial de Mato Grosso do Sul (Sintricom), os trabalhadores apresentavam comportamento inadequado em relação à conduta exigida pela empresa. “São trabalhadores com muitas faltas, problemas de trabalho ou que agitaram os outros durante a greve”, disse.

Na manhã de ontem, vários operários aguardavam no escritório da empresa (na avenida Clodoaldo Garcia). Revoltados, alguns disseram que, entre os demitidos, estão pessoas que não fizeram parte do movimento grevista. Eles também criticaram os valores das rescisões. “A gente sai da nossa cidade, que fica a três dias de viagem para receber isso [R$ 631,00] de rescisão”, disse o armador Edmar Vieira Deldato, 30 anos, da Bahia. Deldato contou que chegou a Três Lagoas no dia 7 de janeiro. A demissão veio um mês e um dia depois, no dia 8 deste mês. “Esse acerto vai inteiro para comprar a passagem de volta para a minha terra. Não vai sobrar nada”.

Na mesma situação, está o sergipano Sílvio Lobato da Silva. Ele foi demitido no dia 9 deste mês, mas esperava até ontem pela rescisão. “Eles não estão pagando o aviso, nem as horas extras”, disse.

Enquanto aguardam as rescisões, os funcionários foram acomodados em hotéis e repúblicas da cidade.

RESCISÕES
O vice-presidente do Sindicato explicou que a instituição está acompanhando de perto as rescisões e que não há irregularidades. “As coisas não acontecem na hora, como eles querem. Tem que esperar mesmo”, disse.
Em relação ao transporte, Donizeth informou que a empresa perde a responsabilidade de custear as passagens de volta caso o trabalhador seja contratado por outra empresa ou não conste no contrato.
Donizeth chegou a informar que o número de demitidos não chegava a 120. Porém a confirmação de 300 dispensados veio da assessoria de imprensa da Paranasa.

PARANASA
Em nota, a construtora negou que as demissões tenham relação com o movimento grevista. De acordo com ela, a redução no quadro de funcionários se deve a uma alteração no escopo dos serviços das obras. Ela informou também que todas as quitações foram realizadas ontem e que a legislação vigente foi respeitada integralmente.

Para conseguir realizar todas as rescisões, a Delegacia do Trabalho recebeu reforços no quadro de funcionários. Pelo menos três fiscais de Campo Grande estão na cidade.