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Três Lagoas

Tráfico de drogas está ao lado de metade das escolas

Pesquisa apontou que 64% das escolas enfrentam o problema no município

Presença da polícia ajudou o combate às drogas na escola Dom Aquino -
Presença da polícia ajudou o combate às drogas na escola Dom Aquino -

Sessenta e quatro por cento das escolas públicas de Três Lagoas, entre municipais e estaduais, enfrentam o problema do tráfico de drogas suas nas proximidades. O alarmante dado foi divulgado ontem e é resultado da pesquisa QEdu: Aprendizado em Foco, realizado através de uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização voltada para a educação sem fins lucrativos.

De acordo com o QEdu, que levou em consideração as respostas dos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 64% das escolas que participaram do estudo – 16 em um universo de 24 – alegaram enfrentar problemas com tráfico de drogas, praticado por não-alunos, nas proximidades da escola. Em Mato Grosso do Sul, o índice foi de 29% (195 escolas).


Além disso, o consumo de drogas próximo à escola por estranhos também é alto: 76%, ou seja, em 19 escolas. 
O estudo é baseado em um questionário respondido pelas escolas e é confirmado por Lourdes Raimunda dos Santos Nascimento, diretora da escola estadual João Ponce de Arruda. De acordo com ela, a direção nunca chegou a flagrar o caso de tráfico de drogas, mas consegue perceber a atitude suspeita de jovens, maioria jovens que desistiram dos estudos, próximo à escola. “A nossa situação não é diferente das de muitas escolas. Sempre percebemos a formação de grupinhos em atitude que não é normal. Por isso, temos um trabalho com a Polícia Militar há dois anos”, explicou.

A diretora conta que já teve um caso de tráfico de drogas dentro da escola. O rapaz foi identificado e preso pela própria polícia. Ele estudava no período noturno. “No diurno, não temos esse tipo de situação”. Mesmo assim, a direção tomou algumas medidas de segurança. Uma delas foi implantar grades de segurança para evitar que pessoas de fora tenham contato com os alunos, caso invadam o colégio. As grades ficam nos corredores e no pátio da escola.


PROJETO
Trabalho semelhante foi feito na escola estadual Dom Aquino Correa. De acordo com a diretora, Marizeth Bazékiill, uma ação conjunta da Polícia Militar, Conselho Tutelar e Ministério Público ajudou a reverter a situação da escola. “A situação já foi preocupante. No ano retrasado, por exemplo, a PM flagrou um aluno pulando o muro com drogas, no período noturno. Agora, esses casos diminuíram. A própria comunidade tem nos ajudado. Os comerciantes nos avisam quando veem algo de errado próximo à escola”, lembrou.


Outra medida que tem surtido efeito é a punição dos alunos infratores. Marizeth conta que no ano passado participou de pelo menos seis audiências na Promotoria da Infância e Juventude para definir quais seriam as punições para pais e alunos, para as infrações cometidas contra a escola – a maioria delas, vandalismo. “Muitos pais tiveram de repor ventiladores quebrados pelos alunos ou pintar muros pichados. Isso tem trazido um resultado bastante positivo”, disse. 
Ainda segundo a pesquisa, 16% das escolas registraram casos de tráfico de drogas nas dependências da escola praticados por não alunos. Em todo o Estado, o índice foi de 6%. Outros 25% dos colégios relaram ter flagrado, em algum momento, estudantes consumindo drogas ou álcool dentro da escola.


VANDALISMO
Já a diretora Ângela Maria Jorge, da escola Bom Jesus, informou não enfrentar problema com o tráfico ou consumo de drogas próximo à escola. Apesar disso, registrou no ano passado um caso de vandalismo e também furtos de celulares dos alunos menores, na hora da saída. O delito seria praticado por jovens de fora da escola. 


O mesmo estudo apontou que 24% das escolas tiveram equipamentos quebrados. Mas os casos mais preocupantes são de pichação e depredação, uma vez que 48% das escolas de Três Lagoas enfrentam esses dois problemas. 


Ao todo, 25 direções de escolas responderam ao questionário da Prova Brasil 2011. Desses, 24 foram considerados válidos.