A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, rejeitou nesta sexta-feira as propostas da Rússia de novos tratados para fortalecer a segurança na Europa e defendeu que as reformas devem focar nas instituições já existentes. O tema será discutido nesta sexta-feira na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.
"Para nós, a melhor solução é reforçar as instituições existentes no lugar de assinar novos tratados", afirma Hillary em artigo publicado nesta sexta-feira pelo jornal "Süddeutsche Zeitung".
A opinião de Hillary, contudo, não é unânime. O titular polonês de Defesa, Radoslav Sikorski, defende em outro artigo publicado pelo "Süddeutsche Zeitung" em um suplemento especial "uma intensa e constante cooperação com a Rússia para fomentar a transparência e a confiança".
Sikorski ressalta que na hora de refletir sobre uma nova ampliação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seria conveniente não deixar a Rússia de fora.
No mesmo jornal, o ministro alemão de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, reivindica novos esforços na Europa para conseguir um maior desarmamento, além de adaptar os tratados existentes nesse campo aos tempos atuais e que estes sejam ratificados por todos.
Pauta
No prestigioso evento, que reúne líderes mundiais e diplomatas em um formato informal, as potências europeias devem discutir a preocupação crescente com as ambições nucleares do Irã, a instabilidade no Paquistão e Afeganistão e o desenvolvimento do avião de transporte A400 –um projeto de sete nações organizado pela Companhia de Defesa Aeronáutica e Espacial Europeia que tem esbarrado em obstáculos financeiros.
A agência de notícias oficial iraniana Irna afirma que o chanceler Manouchehr Mottaki participará do evento e discursará na noite desta sexta-feira.
A conferência anual é vista há muito tempo como uma oportunidade estratégica para os EUA e a Europa falarem de cooperação em defesa.
No seu 46º ano, contudo, os organizadores do fórum querem refletir o crescimento da Ásia no cenário global, incluindo o ministro de Relações Exteriores, Yang Jiechi, no evento.
Start
Para as autoridades americanas e russas, o encontro será uma oportunidade para discutir o progresso das negociações sobre o novo acordo de redução de arsenal nuclear que substituirá o Start, expirado em dezembro passado.
Ambos os lados dizem que um novo documento está próximo de ser assinado. Um grupo de ex-legisladores alemães e americanos, incluindo o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, o senador Sam Nunn, o ex-chanceler alemão Helmut Schmidt e o ex-presidente Richard von Weizsaecker, devem pressionar os dois países a eliminar de uma vez por todas seu arsenal.
A segurança estará reforçada no evento. A polícia alemã disse esperar cerca de 5.000 manifestantes e alertou que alguns convocaram protestos violentos.