O diretor de futebol do Santos, Pedro Luiz Conceição, afirmou nesta segunda-feira (28) que o clube já procurou o técnico Abel Braga para substituir Adilson Batista, neste domingo (27), mas o treinador, que está no Al Jazira, dos Emirados Árabes, mais uma vez recusou a oferta do clube. E um nome para treinar a equipe foi “indicado” pelo atacante Neymar: Ney Franco, técnico da seleção sub-20.
Conceição disse que a consulta a Abel foi feita depois da demissão de Adilson, anunciada no início da noite de domingo. Mas o técnico, que havia sido recusado uma proposta santista no ano passado, para substituir Dorival Junior, preferiu cumprir até o fim seu contrato, que vence em maio.
– A vinda dele [Abel] está completamente descartada. O problema não é a questão financeira. Se fosse isso, era só pagar a multa ou ele certamente conseguiria uma liberação de graça. A questão foi moral. Pelo relacionamento que ele tem com o Al Jazira, ele prefere cumprir o seu compromisso até o fim.
Ney Franco, que treinou o Coritiba até o fim do ano passado, quando assumiu a seleção sub-20 e a direção das categorias de base da CBF, tem um perfil que agrada aos dirigentes do Santos, por gostar de montar equipes ofensivas.
E ainda conta com o “aval” do principal craque do time, que teve ótimo relacionamento com o treinador durante a campanha do título sul-americano, no Peru.
– O Ney Franco é uma pessoa maravilhosa, dentro e fora do gramado. Ele me ajudou muito, ganhei um título importante junto com ele e classificamos o Brasil para a Olimpíada [de Londres-2012]. É um treinador de muita qualidade, que, se vier, será muito bem recebido e tem tudo para dar certo.
Conceição, no entanto, afirmou que o bom relacionamento e a indicação de Neymar não serão levados em conta pela diretoria, que, além de tudo, precisaria consultar a CBF para saber se Ney seria liberado de seu regime de dedicação exclusiva.
– Nós sabemos que há um bom entendimento entre o Neymar e o Ney Franco, mas, assim como a torcida não pauta os nossos pensamentos, os atletas também não pautam o trabalho da diretoria.
O dirigente aproveitou para elogiar o trabalho de Adilson Batista nos dois meses de Vila Belmiro. Ele admitiu que a pressão da torcida, irritada com o empate por 1 a 1 diante do São Bernardo, pesou na hora de decidir pela demissão.
– O Adilson é um homem sério, estudioso, workaholic [viciado em trabalho], que fornecia todas as informações necessárias aos jogadores. Só que percebemos, no que diz respeito ao desempenho, ele não estava mais nos satisfazendo pelo que a equipe vinha demonstrando dentro de campo. O torcedor teve uma reação muito mal-educada com ele e, até mesmo para preservar o Adilson, julgamos melhor rever a nossa posição.
Adilson dirigiu o Santos em 11 jogos, com cinco vitórias, cinco empates e apenas uma derrota, por 3 a 1 para o Corinthians, no último dia 20 – resultado que irritou a torcida e iniciou o processo de “fritura” do técnico